São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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VIOLÊNCIA

Agressões enfraquecem tese de que meta era roubo, dizem promotores que acompanham caso da morte de diretor da Dersa

Casal apanhou antes de morrer, diz laudo

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Laudo necroscópico do IML (Instituto Médico Legal) mostra que o casal Marísia e Manfred von Richthofen apanhou dos agressores antes de receber as pancadas na cabeça que provocaram traumatismo craniano. A extrema violência do crime é apontada por promotores de Justiça que acompanham o caso como um dos fatores que reforçam a tese de homicídio em detrimento do crime de latrocínio (matar para roubar).
"A violência do crime foi muito grande. Só ela já justificaria tratar-se de homicídio", disse o promotor Marcelo Camargo Milani, do 1º Tribunal do Júri, designado, ao lado do promotor criminal Virgílio Antônio Ferraz do Amaral, para acompanhar a investigação.
"Foi com muito ódio, o que não é comum nos casos de latrocínio", afirmou Milani. Apesar disso, ele disse que a hipótese de latrocínio não está descartada por causa do suposto sumiço de R$ 8.000 e US$ 5.000 da casa do casal, assassinado na última quinta-feira, no Brooklin (zona sul de São Paulo).
Segundo laudo do IML, que deve ser entregue hoje à polícia, o casal também apresentava vários hematomas no tórax. Não se sabe se essas marcas também foram provocadas pelo objeto usado para dar os golpes que provocaram a rachadura no crânio dos dois. Manfred era diretor da Dersa (estatal que administra estradas).
Marísia ainda teve um dos ossos do pescoço quebrado. O casal foi morto e colocado na cama. "Vimos as fotos. A violência é surpreendente", disse Milani.
Ele e Amaral fizeram ontem a primeira visita ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que investiga o caso. "Nosso acompanhamento vai ser diário. Mas é preciso ter paciência e cautela para preservar os envolvidos", afirmou Amaral.
Ontem, policiais e peritos voltaram à casa da família Richthofen com os filhos do casal -Suzane, 19, e Andreas, 15, que encontraram os corpos na madrugada de quinta- e Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, namorado de Suzane, para vasculhar a casa e objetos pessoais das vítimas.
A perícia, que foi liberada pelos filhos do casal e durou três horas e meia, serviu, segundo Milani, para tentar identificar o objeto usado no crime. "Pode ser um martelo, um cano de ferro. Não se sabe."
Ontem pela manhã, a polícia ouviu uma secretária de Marísia, que era psiquiatra. O possível envolvimento de algum paciente dela no crime também é investigado, apesar de essa tese ser considerada de menor probabilidade.


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