São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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CASO DINIZ

Segundo órgão da Aeronáutica, contribuíram para o acidente fatores como mau tempo e falta de medidas de segurança

Relatório sobre helicóptero aponta falhas da tripulação

CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA FOLHA VALE

O relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão ligado à Aeronáutica, aponta, entre outros fatores, que falhas da tripulação teriam contribuído para o acidente com o helicóptero do Grupo Pão de Açúcar, em julho de 2001, na praia de Maresias, em São Sebastião (SP). Segundo o relatório, a tripulação não teria adotado medidas básicas de segurança para a viagem.
As más condições meteorológicas naquela noite também teriam contribuído para o acidente.
O texto afirma que o piloto e o co-piloto, cuja jornada de trabalho no dia foi superior a dez horas, desobedeceram regras de tráfego aéreo ao realizar um vôo "visual" sem as condições meteorológicas ideais e sem fazer contato com os órgãos de controle de tráfego.
Também não havia coletes salva-vidas no helicóptero, ao contrário da versão dada, dias depois do acidente, por João Paulo Diniz, 37, vice-presidente do Pão de Açúcar, um dos sobreviventes.
No acidente, a namorada do empresário, a modelo Fernanda Vogel, 20, e o piloto Ronaldo Jorge Ribeiro, 47, morreram. O empresário e o co-piloto, Luiz Roberto de Araújo Cintra, 35, conseguiram nadar até a praia.
O helicóptero possuía um alarme que avisava a proximidade do solo a partir de 150 pés (45,72 metros). Segundo o relatório, a tripulação tinha por hábito desligar o alarme, já que o barulho era considerado incômodo.
No relatório, o Cenipa faz "recomendações" à Flylight Comercial, operadora da aeronave, que pertence ao Grupo Pão de Açúcar -entre elas a criação de mecanismos para evitar que seus tripulantes ultrapassem os limites da jornada de trabalho.

Outro lado
O advogado do piloto morto, Antonio Ribas Paiva, disse que o relatório evidencia a responsabilidade do dono do aparelho pela segurança dos passageiros e da tripulação. A Folha não conseguiu contato com o co-piloto, pois seu número de telefone foi trocado. Ao Cenipa, ele disse que, após ver as luzes da praia, passou o comando ao piloto. O Pão de Açúcar informou, em nota oficial, que prestou assistência aos envolvidos e que encerrou acordo indenizatório com a família da modelo.


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