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ADMINISTRAÇÃO
Secretaria diz que não há recursos para quitar parcela devida ao governo federal; juros devem subir de 6% para 9%
Prefeitura não paga dívida de R$ 3 bilhões
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo anunciou oficialmente ontem que não
vai pagar uma parcela de R$ 3,049
bilhões da dívida do município
com o governo federal.
Em nota divulgada no final da
tarde, a Secretaria Municipal das
Finanças informou que "não existem recursos orçamentários para
o pagamento", que vence neste
mês. Segundo o texto da secretaria, o eventual desembolso de R$
3 bilhões "paralisaria grande parte dos investimentos e da manutenção da cidade".
A consequência da medida é o
aumento dos juros que incidem
sobre a dívida, de 6% para 9% ao
ano. A nota da secretaria, porém,
destaca que o município não será
onerado a curto prazo.
Isso porque há um teto para o
pagamento das parcelas mensais,
limitadas a 13% da receita da prefeitura. Como o teto não muda, os
desembolsos mensais não sobem.
Mas o saldo da dívida passa a ser
corrigido por juros mais altos.
Na prática, o impacto da atual
elevação será sentido em 2030,
quando o saldo terá de ser quitado -ou renegociado.
A nota informou que, "com o
objetivo de minimizar o crescimento do passivo para as administrações futuras", a prefeitura
continuará negociando com a
União a entrega de ativos -como
o aeroporto Campo de Marte-
para abater parte da dívida.
A decisão anunciada ontem já
era prevista. O secretário das Finanças, João Sayad, e a própria
prefeita Marta Suplicy já haviam
dito que não havia dinheiro para
o pagamento, correspondente a
20% do total da dívida renegociada em dezembro de 1999 -cerca
de R$ 15 bilhões, em valores atualizados.
Na época, o então prefeito Celso
Pitta conseguiu, em negociações
com o governo federal, "empurrar" o desembolso de 20% da dívida para o sucessor. Nas demais renegociações de dívidas, a União
exigiu, como condição para o
acordo, o pagamento de 20% à
vista -em dinheiro ou em bens.
Trégua
Marta sempre criticou o acordo
firmado entre Pitta e a equipe econômica de Fernando Henrique
Cardoso. Recentemente, a prefeita voltou a defender a rediscussão
do tema.
Ontem, porém, acenou com a
possibilidade de uma trégua em
relação ao futuro governo de Luiz
Inácio Lula da Silva.
"Vamos dar um tempo para ver
como se estrutura tudo. Depois
cada governo ou cada município
vai fazer o seu pleito", afirmou.
Segundo a Secretaria das Finanças, a renegociação pleiteada pela
prefeita poderia ser feita de duas
formas: ou parte do dinheiro pago
voltaria aos cofres municipais, para ser investida em programas
contra enchentes, ou seriam retiradas do cálculo dos pagamentos
mensais as receitas das secretarias
da Saúde e da Educação.
Essa última medida representaria uma economia de cerca de R$
40 milhões por mês, segundo estimativa da secretaria. Atualmente,
a prefeitura paga cerca de R$ 70
milhões por mês à União.
Para ter uma idéia, a quantia paga mensalmente equivale a praticamente todo o orçamento de
2003 da Secretaria do Meio Ambiente, que é de pouco mais de R$
69 milhões. De janeiro até agosto,
o governo federal recebeu R$ 700
milhões.
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