São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2004

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Tia atribui caso a "neurose" com terror

DA AGÊNCIA FOLHA

Uma das tias do paraibano Mizael Cabral, 29, afirmou que aconteceu um mal-entendido por parte das autoridades dos Estados Unidos e classificou as prisões como o resultado da "neurose dos norte-americanos" em relação ao terrorismo.
Sem dinheiro para comprar uma passagem para os EUA, a família, declarada de classe média baixa, aguarda apreensiva notícias sobre o andamento do caso.
Elaine Mendonça, 49, disse que seu sobrinho conseguiu fazer contato com a família apenas na noite da data em que estava prevista a sua chegada ao Brasil, através de uma ligação rápida, que de acordo com ela partiu da penitenciária federal de Miami.
"Ele ligou chorando muito e disse que estava preso, sendo maltratado e humilhado."
De acordo com a tia, Mizael Cabral e o amigo Daniel Correa embarcariam no dia 26 de outubro de Miami para São Paulo, de onde, no dia seguinte, pegariam um outro vôo com destino à capital paraibana.
"Fomos ao aeroporto esperá-los, havíamos preparado um churrasco de boas-vindas. Depois que chegou o terceiro vôo de São Paulo e eles não estavam [no avião], voltamos para casa, desesperados", diz Elaine Mendonça.

Falha de comunicação
A família acredita que uma falha na comunicação tenha provocado o que consideram o "mal-entendido" que levou às prisões.
"Ele disse que já haviam passado quase toda a bagagem pela inspeção e que faltava a última mala, onde estava a bomba [de sucção]. Eles pediram que o funcionário tomasse cuidado, porque ali havia um equipamento que precisava de maior cuidado. Nessa hora toda a confusão começou e eles já saíram algemados do aeroporto."
Filho mais velho dos três do casal Ângela Cabral, 52, e Francisco Cabral Sobrinho, 55, Mizael passou os últimos dois anos em solo norte-americano trabalhando na construção civil para juntar dinheiro e abrir um negócio de confecção de pranchas de "sandboard", normalmente usadas para a descida de dunas.
"A bomba de sucção ia facilitar muito a vida dele [Mizael]. Antes de ir para os Estados Unidos, ele demorava uns dez dias para fazer uma prancha só. Com a bomba, ele disse que demoraria cerca de um dia para fazer o mesmo trabalho", declarou a tia.
(EDUARDO DE OLIVEIRA)


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