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RESPONSABILIDADE SANITÁRIA
Projeto de lei, anunciado ontem pelo ministro Humberto Costa, será entregue a Lula em um mês
Governo quer punir descumprimento de metas da Saúde
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Saúde prepara
um projeto para criar uma Lei de
Responsabilidade Sanitária, que
estabelecerá punições administrativas e até criminais aos prefeitos e governadores que não cumprirem metas do setor e o percentual de aplicação de receita própria em saúde determinado pela
Constituição -12% para os Estados e 15% para os municípios,
neste ano.
O ministério inspirou-se na Lei
de Responsabilidade Fiscal, que
também estabelece metas na administração de recursos e proíbe,
por exemplo, o prefeito de deixar
dívidas se não houver reserva em
caixa para o pagamento -não
respeitá-la pode levar até à prisão
do governante.
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, alvo de acusações e boatos
sobre substituições em Brasília,
fez o anúncio do projeto ontem
em São Paulo, durante o Congresso Brasileiro de Política Médica
-a proposta é bem vista por setores da saúde. "Acho importante
que, da mesma forma que existe
uma Lei de Responsabilidade Fiscal, para que os prefeitos sejam
responsáveis no que diz respeito
aos gastos dos recursos de um
modo geral, que eles sejam responsáveis também com a saúde
da população e com o dinheiro da
saúde", disse Costa, depois de fazer uma conferência no auditório
lotado da Faculdade de Medicina
da Universidade São Paulo.
Segundo o ministro, a proposta
ainda não foi discutida pelo governo e só deve ser entregue ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva dentro de um mês.
O projeto começou a ser preparado há cerca de três meses. O ministério quer que haja punições
para quem não cumprir metas
epidemiológicas, como de redução da taxa de mortalidade infantil, melhora da cura da tuberculose e aumento de cobertura da população pelo Programa Saúde da
Família.
As metas existem hoje, são pactuadas dentro do SUS com a participação das prefeituras e governos estaduais, mas não há um instrumento jurídico para punir o
prefeito ou o governador que não
cumpri-las. Também os 17 Estados que, segundo o ministério,
não gastaram o devido em saúde
em 2001 e 2002, jamais receberam
qualquer sanção. A pasta não quis
adiantar quais seriam os mecanismos de punição em estudo.
Prêmio
Segundo o ministro, entre dezembro próximo e janeiro de
2005 o ministério dará um prêmio
aos Estados que gastaram o devido em saúde. Será um repasse para aplicarem como quiserem.
"Acho que temos feito um bom
trabalho, a área avançou bastante.
É correto e justo o presidente cobrar cada vez mais", disse Costa
sobre pergunta a respeito de Lula
ter pedido melhorias na saúde.
Questionado se seria substituído
pelo senador Aloízio Mercadante
(PT-SP), o ministro disse que não
discutiria especulações e deixou o
auditório.
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