SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

Faltava pouco para a 1h da manhã (quase 2h no Brasil) de ontem quando o prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), entrou na fila da agência do Banco de la Nación Argentina, no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires.
Serra esperou para trocar dinheiro pela moeda local (pesos). À sua frente, parte da equipe de bordo do vôo TAM 8006, que o trouxe de São Paulo e aterrissou à 0h10, quando os termômetros da cidade estavam próximos dos 9 C. "Não sabia que estava fazendo esse frio todo aqui", disse Serra, vestido com camisa e paletó, que fechou em volta do corpo enquanto empurrava o carrinho com sua mala e uma valise de mão. "Vou ficar resfriado."
Com aparência cansada, mas sorridente, o futuro prefeito se permitiu comentários apenas sobre o clima da cidade, de onde deve seguir viagem para Santiago (Chile). "Sabe por que em São Paulo não gostam dos argentinos? Porque acham que é sempre daqui que vêm as frentes frias."
A reportagem quis saber sobre a formação de seu secretariado na prefeitura. "Não falo. Não falei no Brasil, não vou falar aqui."
Antes de entrar no táxi que, segundo afirmou, o levaria a uma residência particular ("não vou ficar em hotel. Tenho amigos e parentes aqui"), Serra pediu trégua para descansar. "Não publique que eu estou aqui. Vocês [a Folha] não querem me deixar descansar. Vão colocar a imprensa inteira atrás de mim."
O prefeito eleito não revelou até quando ficaria em Buenos Aires. A Folha apurou que foi feita uma reserva de ontem até domingo em nome de José Serra em um hotel cinco estrelas. Mas a reserva foi cancelada antes mesmo de ele deixar São Paulo.
Ontem, funcionários do hotel reiteraram que o aguardado José Serra não se hospedou. "Outra pessoa já perguntou isso, já avisamos que ele não está aqui." O descanso do prefeito está mesmo ameaçado. Não só pela Folha.


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