São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2004

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AGENDA DA TRANSIÇÃO

Prefeita orientou petistas a defender projetos sociais implantados na sua administração

Marta pede oposição responsável e acirrada a vereadores do PT

CATIA SEABRA
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira reunião com os vereadores do PT depois da derrota nas últimas eleições, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, afir- mou que a bancada deve fazer "uma oposição responsável, mas acirrada" ao futuro prefeito, José Serra (PSDB).
O encontro foi na sede da prefeitura e durou pouco mais de uma hora. A orientação é que os vereadores -atuais e futuros- explorem eventuais contradições do PSDB no poder, sem, no entanto, contrariar o que antes eles defendiam.
Ontem também ocorreu a primeira reunião entre petistas e tucanos para discutir a transição. Do lado de Marta, estava seu secretário de Governo, Rui Falcão. Pelos tucanos, foram Clóvis Carvalho e Aloysio Nunes Ferreira.
Marta também sugeriu que o PT não adote medidas -como a defesa do fim das taxas de luz e de lixo- pelas quais possa ser responsabilizado por eventual fracasso do governo Serra, principalmente no primeiro ano. A idéia é apontar as contradições, mas sem criar empecilhos práticos.
O partido não deve propor, por exemplo, que a margem de remanejamento do Orçamento seja de 1% (hoje é de 15%), mas vai lembrar que esse sempre foi o percentual defendido pelos tucanos.
A intenção é permitir que Serra realize mudanças, desde que preservando os principais programas de Marta, para evitar que o tucano atribua problemas a um Orçamento engessado. Os CEUs e o bilhete único, por exemplo, serão defendidos, mas o CEU-Saúde, proposta de campanha petista, poderá ser alterado à vontade.
"Vamos fazer uma oposição responsável, mas acirrada, sempre pensando no interesse da cidade. Essa cooperação vai ser em relação aos projetos que elegemos como mais importantes para a cidade, para a população mais pobre, beneficiada por nossos projetos", disse Marta.
Segundo a vereadora eleita Soninha, a prefeita insistiu na idéia de fiscalização para "demonstrar que a oposição tem um discurso que dificilmente se sustenta na situação".

"A bola da vez"
Ontem mesmo, o presidente municipal do PT, Ítalo Cardoso, pôs em prática a estratégia delineada por Marta. Ao falar sobre uma possível redução da margem de remanejamento, disse: "Eles estão com a bola na mão. Eles são a bola da vez".
Além de Cardoso, também participou da reunião o secretário de Governo, Rui Falcão, que chefiará a equipe de transição e foi vice na chapa. "Há dez minutos, iniciamos a transição", disse, ao chegar atrasado à reunião, depois de encontro com os tucanos.
A reunião em nenhum momento foi utilizada para fazer um balanço do que deu errado na campanha ou na administração, o que frustrou a expectativa de alguns dos participantes.
O tema ganhou foco depois que a cúpula da campanha de Marta apontou o preconceito à prefeita como o principal fator da derrota eleitoral, minimizando políticas adotadas, como a aliança com malufistas na Câmara Municipal paulistana.


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