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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Prefeita orientou petistas a defender projetos sociais implantados na sua administração
Marta pede oposição responsável e acirrada a vereadores do PT
CATIA SEABRA
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na primeira reunião com os vereadores do PT depois da derrota
nas últimas eleições, a prefeita de
São Paulo, Marta Suplicy, afir-
mou que a bancada deve fazer
"uma oposição responsável, mas
acirrada" ao futuro prefeito, José
Serra (PSDB).
O encontro foi na sede da prefeitura e durou pouco mais de
uma hora. A orientação é que os
vereadores -atuais e futuros-
explorem eventuais contradições
do PSDB no poder, sem, no entanto, contrariar o que antes eles
defendiam.
Ontem também ocorreu a primeira reunião entre petistas e tucanos para discutir a transição.
Do lado de Marta, estava seu secretário de Governo, Rui Falcão.
Pelos tucanos, foram Clóvis Carvalho e Aloysio Nunes Ferreira.
Marta também sugeriu que o
PT não adote medidas -como a
defesa do fim das taxas de luz e de
lixo- pelas quais possa ser responsabilizado por eventual fracasso do governo Serra, principalmente no primeiro ano. A idéia é
apontar as contradições, mas sem
criar empecilhos práticos.
O partido não deve propor, por
exemplo, que a margem de remanejamento do Orçamento seja de
1% (hoje é de 15%), mas vai lembrar que esse sempre foi o percentual defendido pelos tucanos.
A intenção é permitir que Serra
realize mudanças, desde que preservando os principais programas
de Marta, para evitar que o tucano
atribua problemas a um Orçamento engessado. Os CEUs e o bilhete único, por exemplo, serão
defendidos, mas o CEU-Saúde,
proposta de campanha petista,
poderá ser alterado à vontade.
"Vamos fazer uma oposição
responsável, mas acirrada, sempre pensando no interesse da cidade. Essa cooperação vai ser em
relação aos projetos que elegemos
como mais importantes para a cidade, para a população mais pobre, beneficiada por nossos projetos", disse Marta.
Segundo a vereadora eleita
Soninha, a prefeita insistiu na
idéia de fiscalização para "demonstrar que a oposição tem um
discurso que dificilmente se sustenta na situação".
"A bola da vez"
Ontem mesmo, o presidente
municipal do PT, Ítalo Cardoso,
pôs em prática a estratégia delineada por Marta. Ao falar sobre
uma possível redução da margem
de remanejamento, disse: "Eles
estão com a bola na mão. Eles são
a bola da vez".
Além de Cardoso, também participou da reunião o secretário de
Governo, Rui Falcão, que chefiará
a equipe de transição e foi vice na
chapa. "Há dez minutos, iniciamos a transição", disse, ao chegar
atrasado à reunião, depois de encontro com os tucanos.
A reunião em nenhum momento foi utilizada para fazer um balanço do que deu errado na campanha ou na administração, o que
frustrou a expectativa de alguns
dos participantes.
O tema ganhou foco depois que
a cúpula da campanha de Marta
apontou o preconceito à prefeita
como o principal fator da derrota
eleitoral, minimizando políticas
adotadas, como a aliança com
malufistas na Câmara Municipal
paulistana.
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