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Fava destaca cinco desafios para o seu sucessor
da Reportagem Local
O atual reitor da USP, Flávio Fava de Moraes, 59, apresentou ontem à Folha os cinco principais desafios que ele acredita que o próximo reitor irá enfrentar.
O primeiro é o orçamento da
universidade. A USP recebe 5% da
arrecadação do ICMS (Imposto
sobre a Circulação de Mercadorias
e Serviços), o que este ano dá em
torno de R$ 800 milhões.
Quando Fava assumiu, em 1993,
a projeção era de um crescimento
contínuo do ICMS. Só que a chamada Lei Kandir, visando aumentar as exportações, eliminou parte
da carga tributária de produtos exportados, provocando uma queda
de arrecadação calculada em R$ 1
bilhão para o Estado de São Paulo e
R$ 40 milhões para a USP.
Segundo o reitor, o problema
agora é que o crescimento da arrecadação do ICMS está em 2% a 3%
ao ano, que é exatamente o crescimento vegetativo da universidade
(aposentadorias, quinquênios nos
salários, entre outras coisas).
Assim, para crescer, ou a universidade terá de receber uma cota
maior do ICMS, ou o próprio
ICMS terá de crescer mais, ou terão de ser encontradas novas fontes de recursos.
O segundo desafio é também na
área orçamentária. Atualmente os
aposentados são incluídos no orçamento da universidade (e consomem 26% desses recursos). Ou
seja, à medida que os docentes se
aposentam, sobra menos dinheiro
para os que estão na ativa.
A saída é criar um fundo de aposentadoria separado do orçamento da USP. Há estudos em andamento nesse sentido.
As estimativas são que a criação
desse fundo vai exigir um investimento que pode ir de R$ 90 milhões a R$ 800 milhões.
Outro desafio importante, diz o
reitor, é uma reformulação da estrutura departamental da universidade. Historicamente, os departamentos são as "células" do "organismo" USP. São eles que em geral disputam recursos e bolsas para pesquisa, além de serem a base
do poder político na USP.
Só que hoje há departamentos
com 3 professores e departamentos com 190. "Vai ser necessário
redefinir as dimensões dos departamentos de acordo com a natureza da área do conhecimento com
que trabalham", afirma Fava.
O quarto desafio é como lidar
com a isonomia salarial. Os docentes da USP não recebem a mais por
desempenho -só por titulação e
tempo de serviço- e têm salários
iguais aos da Unicamp e Unesp.
Para Fava, há que se premiar o
desempenho de professores, tanto
em pesquisa, como em ensino e
extensão. A USP também está com
melhor condição financeira de dar
aumento salarial aos seus docentes
do que a Unicamp e Unesp, mas
não pode por causa da isonomia.
Por último, o reitor considera
necessário desenvolver indicadores mais apurados do desempenho
dos docentes em ensino e extensão. "Os indicadores de pesquisa
são razoavelmente fáceis de fazer e
são consensuais em todo o mundo. Mas falta algo que diga o que é
um bom professor e um bom trabalho de extensão", diz.
(FR)
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