São Paulo, quinta, 6 de novembro de 1997.



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Fava destaca cinco desafios para o seu sucessor

da Reportagem Local

O atual reitor da USP, Flávio Fava de Moraes, 59, apresentou ontem à Folha os cinco principais desafios que ele acredita que o próximo reitor irá enfrentar.
O primeiro é o orçamento da universidade. A USP recebe 5% da arrecadação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), o que este ano dá em torno de R$ 800 milhões.
Quando Fava assumiu, em 1993, a projeção era de um crescimento contínuo do ICMS. Só que a chamada Lei Kandir, visando aumentar as exportações, eliminou parte da carga tributária de produtos exportados, provocando uma queda de arrecadação calculada em R$ 1 bilhão para o Estado de São Paulo e R$ 40 milhões para a USP.
Segundo o reitor, o problema agora é que o crescimento da arrecadação do ICMS está em 2% a 3% ao ano, que é exatamente o crescimento vegetativo da universidade (aposentadorias, quinquênios nos salários, entre outras coisas).
Assim, para crescer, ou a universidade terá de receber uma cota maior do ICMS, ou o próprio ICMS terá de crescer mais, ou terão de ser encontradas novas fontes de recursos.
O segundo desafio é também na área orçamentária. Atualmente os aposentados são incluídos no orçamento da universidade (e consomem 26% desses recursos). Ou seja, à medida que os docentes se aposentam, sobra menos dinheiro para os que estão na ativa.
A saída é criar um fundo de aposentadoria separado do orçamento da USP. Há estudos em andamento nesse sentido.
As estimativas são que a criação desse fundo vai exigir um investimento que pode ir de R$ 90 milhões a R$ 800 milhões.
Outro desafio importante, diz o reitor, é uma reformulação da estrutura departamental da universidade. Historicamente, os departamentos são as "células" do "organismo" USP. São eles que em geral disputam recursos e bolsas para pesquisa, além de serem a base do poder político na USP.
Só que hoje há departamentos com 3 professores e departamentos com 190. "Vai ser necessário redefinir as dimensões dos departamentos de acordo com a natureza da área do conhecimento com que trabalham", afirma Fava.
O quarto desafio é como lidar com a isonomia salarial. Os docentes da USP não recebem a mais por desempenho -só por titulação e tempo de serviço- e têm salários iguais aos da Unicamp e Unesp.
Para Fava, há que se premiar o desempenho de professores, tanto em pesquisa, como em ensino e extensão. A USP também está com melhor condição financeira de dar aumento salarial aos seus docentes do que a Unicamp e Unesp, mas não pode por causa da isonomia.
Por último, o reitor considera necessário desenvolver indicadores mais apurados do desempenho dos docentes em ensino e extensão. "Os indicadores de pesquisa são razoavelmente fáceis de fazer e são consensuais em todo o mundo. Mas falta algo que diga o que é um bom professor e um bom trabalho de extensão", diz. (FR)


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