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LEI
Idade mínima para a responsabilização civil deve ser reduzida de 21 para 18 anos; proposta tramita há 22 anos
Senado deve votar Código Civil este ano
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O Senado deve votar, neste ano,
um novo Código Civil, em substituição ao de 1916, para ajustar à
atualidade as normas que disciplinam as relações civis, principalmente quanto à família.
A comissão especial encarregada
de examinar o projeto que moderniza o Código Civil deve apreciar
hoje proposta do relator, senador
Josaphat Marinho (PFL-BA), que
prevê mudanças profundas.
O texto inclui questões polêmicas como o reconhecimento do
pleno direito à herança por filhos
ilegítimos ou adotivos e companheira, nos casos de união estável
(informal, existente há pelo menos
cinco anos, em que nenhum dos
dois é impedido de se casar).
Pela proposta, deixa de existir a
figura da adoção restrita, para garantir a igualdade de direitos entre
filhos, seja qual for a condição.
O projeto também livra a mulher
casada do constrangimento do
exame de paternidade, ao estabelecer essa proibição.
Algumas dessas normas já estão
inseridas em leis dispersas -posteriores ao Código Civil de 1916-
e na Constituição de 1988. Agora,
vão integrar um único texto para
consolidar os direitos.
Entre as novidades, a idade mínima para a responsabilização civil
deve ser reduzida de 21 para 18
anos. A partir dessa idade, as pessoas passam a não depender mais
de autorização dos pais para, por
exemplo, casar, comprar um imóvel ou abrir uma empresa.
O texto também inova ao limitar
o poder de incluir, no testamento,
cláusula que impeça o herdeiro de
usufruir do patrimônio.
Mulher cidadã
O novo Código Civil reconhece a
mulher como cidadã e eventual
chefe de família. A expressão pátrio-poder é substituída por poder
familiar. O texto estabelece que
"todo ser humano" tem direitos e
obrigações, não mais o "homem",
como no código em vigor.
O projeto facilita a responsabilização de dirigentes de empresas,
em processos judiciais. No meio
do processo, a investigação contra
a empresa pode ser direcionada a
seus dirigentes ou sócios.
A atualização das normas das relações civis não atinge, entretanto,
questões consideradas ainda mais
polêmicas como o reconhecimento da união civil entre homossexuais e o direito ao aborto.
A proposta de atualização do código está tramitando no Congresso há 22 anos. Foi encaminhada
pelo ex-presidente Ernesto Geisel.
O senador Josaphat Marinho
afirmou ontem que o projeto vai
provocar "muita controvérsia",
ao entregar o relatório ao presidente do Senado, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA).
ACM anunciou que pretende garantir a aprovação do texto ainda
neste mês pelo plenário.
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