São Paulo, Segunda-feira, 06 de Dezembro de 1999


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TRANSPORTE

Empresas não pagaram parcela do 13º e dizem não ter caixa para salários

Ônibus devem parar à meia-noite

da Reportagem Local

Os motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo ameaçam parar o transporte público da cidade à meia-noite de hoje.
A paralisação deve durar até que as 53 empresas que operam as linhas da capital paguem a primeira metade do 13º e depositemos salários dos 60 mil funcionários, que vencem hoje.
De acordo com a legislação, todos os empregadores do país deveriam ter pago a primeira parcela do 13º salário até o último dia 30, terça-feira passada. Na sexta-feira, no entanto, apenas a metade das 53 empresas havia pago alguma fração da parcela do 13º.
Na segunda passada, véspera do prazo final, a categoria já havia ameaçado fazer uma paralisação, mas um acordo entre empregados e patrões adiou o protesto.
Pelo acordo, os funcionários receberiam hoje o 13º e os salários, além de uma garantia de que receberão em dia a segunda parcela e o adiantamento mensal, ambos com vencimento previsto para o próximo dia 20.
Segundo o Transurb (sindicato patronal), no entanto, os bancos só aceitaram fazer empréstimos às empresas na última sexta-feira.
Isso significa, de acordo com os patrões, que o dinheiro só chegará às contas dos trabalhadores na quarta ou na quinta, tempo necessário para que os empréstimos sejam efetivamente liberados.
Na noite de sexta, o presidente do sindicato dos motoristas e cobradores, Gregório Poço, disse ainda não ter recebido nenhuma garantia de pagamento do Transurb e confirmou a paralisação.
Segundo Poço, uma reunião às 16h de hoje definirá a estratégia da greve e debaterá a proposta dos patrões, se ela for feita a tempo.
A princípio, segundo o sindicalista, motoristas e cobradores vão fechar as principais vias da cidade a partir da meia-noite de hoje.
O sindicato espera mobilizar pelo menos 50% da categoria, montante que não recebeu nem uma fração da parcela do 13º.
Se isso acontecer, São Paulo passará pela 75ª paralisação de motoristas e cobradores durante a administração do prefeito Celso Pitta (PTN). A avalanche de protestos é resultado direto do colapso do sistema de transporte.
Com a queda do número de passageiros e a elevação do custo operacional do sistema (leia à pág 4-7), a receita arrecadada nas catracas ficou cada vez mais distante dos gastos para manter a frota na rua, obrigando a prefeitura a dar subsídios cada vez maiores ao setor para cobrir a diferença.
No ano passado, eles chegaram a R$ 180 milhões. Em crise financeira, a prefeitura passou a atrasar os pagamentos e acumular dívidas. Hoje, o município deve R$ 222 milhões ao setor -o equivalente ao subsídio de um ano inteiro e suficiente para operar o sistema por um mês e meio.
Os atrasos nos repasses geraram um efeito cascata. Os empresários atrasam os salários, e os motoristas e cobradores param a cidade. Em 98, os motoristas fizeram greve por causa do atraso do 13º.
Para romper com o círculo vicioso, a prefeitura vai implantar outro sistema de remuneração a partir de janeiro, extinguindo o subsídio e obrigando as empresas a se sustentarem com o que arrecadam nas catracas. O sistema, porém, pode trazer outros prejuízos ao usuário (leia à pág. 4-7).
Hoje, dos R$ 222 milhões devidos pela prefeitura, R$ 169 referem-se a uma dívida já renegociada -deve ser paga em parcelas até agosto-, que tem uma parcela de R$ 11 milhões vencendo hoje. Os outros R$ 53 milhões referem-se ao mês de novembro, cuja operação não foi paga -pelos contratos, o repasse deve ser feito nove dias após a rodagem.
A prefeitura afirma que o depósito da parcela será feito, mas ele cobre apenas um quinto dos R$ 55 milhões que as empresas devem desembolsar hoje entre salários e 13º. (SÍLVIA CORRÊA)

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