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TRANSPORTE
Empresas não pagaram parcela do 13º e dizem não ter caixa para salários
Ônibus devem parar à meia-noite
da Reportagem Local
Os motoristas e cobradores de
ônibus de São Paulo ameaçam
parar o transporte público da cidade à meia-noite de hoje.
A paralisação deve durar até
que as 53 empresas que operam
as linhas da capital paguem a primeira metade do 13º e depositemos salários dos 60 mil funcionários, que vencem hoje.
De acordo com a legislação, todos os empregadores do país deveriam ter pago a primeira parcela do 13º salário até o último dia
30, terça-feira passada. Na sexta-feira, no entanto, apenas a metade
das 53 empresas havia pago alguma fração da parcela do 13º.
Na segunda passada, véspera do
prazo final, a categoria já havia
ameaçado fazer uma paralisação,
mas um acordo entre empregados e patrões adiou o protesto.
Pelo acordo, os funcionários receberiam hoje o 13º e os salários,
além de uma garantia de que receberão em dia a segunda parcela e
o adiantamento mensal, ambos
com vencimento previsto para o
próximo dia 20.
Segundo o Transurb (sindicato
patronal), no entanto, os bancos
só aceitaram fazer empréstimos
às empresas na última sexta-feira.
Isso significa, de acordo com os
patrões, que o dinheiro só chegará às contas dos trabalhadores na
quarta ou na quinta, tempo necessário para que os empréstimos
sejam efetivamente liberados.
Na noite de sexta, o presidente
do sindicato dos motoristas e cobradores, Gregório Poço, disse
ainda não ter recebido nenhuma
garantia de pagamento do Transurb e confirmou a paralisação.
Segundo Poço, uma reunião às
16h de hoje definirá a estratégia da
greve e debaterá a proposta dos
patrões, se ela for feita a tempo.
A princípio, segundo o sindicalista, motoristas e cobradores vão
fechar as principais vias da cidade
a partir da meia-noite de hoje.
O sindicato espera mobilizar
pelo menos 50% da categoria,
montante que não recebeu nem
uma fração da parcela do 13º.
Se isso acontecer, São Paulo
passará pela 75ª paralisação de
motoristas e cobradores durante
a administração do prefeito Celso
Pitta (PTN). A avalanche de protestos é resultado direto do colapso do sistema de transporte.
Com a queda do número de
passageiros e a elevação do custo
operacional do sistema (leia à pág
4-7), a receita arrecadada nas catracas ficou cada vez mais distante dos gastos para manter a frota
na rua, obrigando a prefeitura a
dar subsídios cada vez maiores ao
setor para cobrir a diferença.
No ano passado, eles chegaram
a R$ 180 milhões. Em crise financeira, a prefeitura passou a atrasar
os pagamentos e acumular dívidas. Hoje, o município deve R$
222 milhões ao setor -o equivalente ao subsídio de um ano inteiro e suficiente para operar o sistema por um mês e meio.
Os atrasos nos repasses geraram
um efeito cascata. Os empresários
atrasam os salários, e os motoristas e cobradores param a cidade.
Em 98, os motoristas fizeram greve por causa do atraso do 13º.
Para romper com o círculo vicioso, a prefeitura vai implantar
outro sistema de remuneração a
partir de janeiro, extinguindo o
subsídio e obrigando as empresas
a se sustentarem com o que arrecadam nas catracas. O sistema,
porém, pode trazer outros prejuízos ao usuário (leia à pág. 4-7).
Hoje, dos R$ 222 milhões devidos pela prefeitura, R$ 169 referem-se a uma dívida já renegociada -deve ser paga em parcelas
até agosto-, que tem uma parcela de R$ 11 milhões vencendo hoje. Os outros R$ 53 milhões referem-se ao mês de novembro, cuja
operação não foi paga -pelos
contratos, o repasse deve ser feito
nove dias após a rodagem.
A prefeitura afirma que o depósito da parcela será feito, mas ele
cobre apenas um quinto dos R$
55 milhões que as empresas devem desembolsar hoje entre salários e 13º.
(SÍLVIA CORRÊA)
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