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TRANSPORTE
Diminuição da frota visa igualar receita e despesas; espera nos pontos da periferia vai aumentar
Frota de ônibus terá corte de até 25%
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
A frota de ônibus da cidade de
São Paulo vai sofrer uma redução
de até 25% em janeiro. O corte é
confirmado pelas empresas e pela
SPTrans (empresa municipal que
administra o sistema).
A medida, dizem ambos os lados, é necessária para reduzir as
despesas ao patamar da receita
das passagens, já que a prefeitura
deixará de subsidiar o setor, e o
número de passageiros cai a cada
dia (leia texto abaixo).
Na prática, a "inovação" não
passa da retomada do modelo de
gestão instituído na cidade durante o governo Jânio Quadros
(85-88) -o sistema tarifado. Ou
seja: a empresa terá de se manter
exclusivamente com o que arrecadar nas catracas.
Vantagens e desvantagens do
modelo ficaram claras durante a
administração de Jânio. Por um
lado, ele permite que o sistema se
torne auto-suficiente e obriga as
empresas a se preocuparem com
a reconquista dos passageiros.
Por outro, os empresários tendem a concentrar a frota em linhas lucrativas -pois ganham
pelo que arrecadam-, obrigando os passageiros a conviver com
esperas e ônibus lotados.
O problema deve ser mais grave
na periferia, que concentra as linhas deficitárias -poucos passageiros em ônibus que rodam uma
enorme extensão.
A prefeitura nega que o usuário
esteja às vésperas do "efeito sardinha" (lotação excessiva para garantir o lucro). "Vamos garantir
as condições de conforto", afirma
o diretor financeiro da SPTrans,
Antonio Emiliano Leal da Cunha.
Mas admite que as esperas vão
aumentar. "Em Marsilac (extremo sul da cidade), por exemplo,
os ônibus poderão passar quatro
vezes ao dia, com horários previamente fixados", diz Cunha.
Desde o começo do ano, a prefeitura tenta trocar a suspensão
do subsídios pelo direito de as
empresas ganharem autonomia
para gerir suas frotas.
As tentativas, porém, fracassaram, pois a prefeitura era obrigada por lei a cobrir o custo do sistema, o que não estimulava as empresas a reduzirem os gastos.
Dessa vez, porém, a prefeitura
tem um trunfo: 70% dos contratos vencem em janeiro, e a prorrogação só será feita com as empresas de ônibus que aceitarem o
sistema tarifado, liberado por
projeto de lei já aprovado pela
Câmara Municipal.
As empresas têm até amanhã
para dar uma resposta à prefeitura. Devem dizer se aceitam ou
não operar até que a nova licitação do setor esteja concluída, o
que deve demorar dois anos.
Com as respostas em mãos, segundo a SPTrans, serão definidos
os cortes, as mudanças de horários e itinerários e a situação dos
funcionários do setor.
O sindicato dos motoristas e cobradores promete iniciar uma
onda de paralisações se demissões forem cogitadas.
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