São Paulo, Segunda-feira, 06 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPORTE

Diminuição da frota visa igualar receita e despesas; espera nos pontos da periferia vai aumentar

Frota de ônibus terá corte de até 25%


SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

A frota de ônibus da cidade de São Paulo vai sofrer uma redução de até 25% em janeiro. O corte é confirmado pelas empresas e pela SPTrans (empresa municipal que administra o sistema).
A medida, dizem ambos os lados, é necessária para reduzir as despesas ao patamar da receita das passagens, já que a prefeitura deixará de subsidiar o setor, e o número de passageiros cai a cada dia (leia texto abaixo).
Na prática, a "inovação" não passa da retomada do modelo de gestão instituído na cidade durante o governo Jânio Quadros (85-88) -o sistema tarifado. Ou seja: a empresa terá de se manter exclusivamente com o que arrecadar nas catracas.
Vantagens e desvantagens do modelo ficaram claras durante a administração de Jânio. Por um lado, ele permite que o sistema se torne auto-suficiente e obriga as empresas a se preocuparem com a reconquista dos passageiros.
Por outro, os empresários tendem a concentrar a frota em linhas lucrativas -pois ganham pelo que arrecadam-, obrigando os passageiros a conviver com esperas e ônibus lotados.
O problema deve ser mais grave na periferia, que concentra as linhas deficitárias -poucos passageiros em ônibus que rodam uma enorme extensão.
A prefeitura nega que o usuário esteja às vésperas do "efeito sardinha" (lotação excessiva para garantir o lucro). "Vamos garantir as condições de conforto", afirma o diretor financeiro da SPTrans, Antonio Emiliano Leal da Cunha.
Mas admite que as esperas vão aumentar. "Em Marsilac (extremo sul da cidade), por exemplo, os ônibus poderão passar quatro vezes ao dia, com horários previamente fixados", diz Cunha.
Desde o começo do ano, a prefeitura tenta trocar a suspensão do subsídios pelo direito de as empresas ganharem autonomia para gerir suas frotas.
As tentativas, porém, fracassaram, pois a prefeitura era obrigada por lei a cobrir o custo do sistema, o que não estimulava as empresas a reduzirem os gastos.
Dessa vez, porém, a prefeitura tem um trunfo: 70% dos contratos vencem em janeiro, e a prorrogação só será feita com as empresas de ônibus que aceitarem o sistema tarifado, liberado por projeto de lei já aprovado pela Câmara Municipal.
As empresas têm até amanhã para dar uma resposta à prefeitura. Devem dizer se aceitam ou não operar até que a nova licitação do setor esteja concluída, o que deve demorar dois anos.
Com as respostas em mãos, segundo a SPTrans, serão definidos os cortes, as mudanças de horários e itinerários e a situação dos funcionários do setor.
O sindicato dos motoristas e cobradores promete iniciar uma onda de paralisações se demissões forem cogitadas.


Texto Anterior: Previsão do trânsito: CET fecha túnel para limpeza
Próximo Texto: Março é limite para catracas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.