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SAÚDE
Governo negociará aumento só para produtos com preços muito defasados e deve propor acordo para manter valores por um ano
Remédios devem ter reajuste em janeiro
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo pretende negociar
com a indústria farmacêutica reajuste de preços a partir de janeiro
apenas para os medicamentos cujos valores estejam muito defasados. Além disso, estuda propor
um novo acordo de manutenção
dos valores por um ano.
A atual trégua de preços termina no próximo dia 31. A Abifarma
(associação das indústrias farmacêuticas) informou por meio de
sua assessoria que a proposta está
em estudo, mas precisa ser referendada pelos laboratórios.
Na negociação com os laboratórios, o principal argumento dos
ministérios da Saúde e da Fazenda será o alívio tributário garantido à indústria. Na semana passada, foi enviado ao Congresso projeto de lei que prevê a isenção de
PIS e Cofins sobre os preços de
300 medicamentos de uso contínuo e antibióticos. PIS e Cofins
são dois tributos que incidem sobre o faturamento das empresas.
A previsão é que a medida tributária entre em vigor em abril do
ano que vem. Depois de aprovado
o projeto -cuja votação na Câmara dos Deputados poderia
ocorrer ainda ontem à noite-, é
preciso respeitar o prazo legal de
90 dias para a isenção valer.
Margem de lucro
Até o próximo dia 15, o grupo
criado para elaborar a regulamentação do setor de medicamentos
deverá apresentar outras medidas. Entre elas está a revisão da
portaria do Ministério da Fazenda que estabelece a margem de lucro de até 42% para as farmácias.
O fim do imposto terá efeitos
sobre toda a cadeia de distribuição e comercialização dos medicamentos. Isso exigirá que essa
margem de lucro seja revista.
A Fazenda defende o fim da
margem de lucro fixa, deixando o
mercado atuar livremente. Para a
Saúde, o percentual de 42% deve
ser reduzido, mas é preciso haver
um limite para evitar que farmácias no interior do país, por exemplo, cometam abusos.
A Folha apurou que o grupo
que estuda a regulamentação não
será dissolvido no próximo dia 15
como estava previsto em decreto.
A equipe continuará trabalhando
em medidas para regular o setor
de medicamentos.
Um novo acordo de manutenção dos preços, segundo a Folha
apurou, não é visto por setores do
governo como uma medida eficaz. A estabilidade dos preços seria temporária, enquanto uma
política de regulação do setor
-com regras para reajustes-
garantiria um resultado mais duradouro.
A reunião com a indústria deverá ocorrer sexta-feira. Embora
aceitem negociar reajustes para os
medicamentos cujos preços não
aumentam há mais tempo, a Saúde e a Fazenda adiantam que os
reajustes serão modestos.
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