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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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MISTÉRIO NO RIO

Secretário de Segurança afirma que solução rápida do assassinato do executivo da Shell vai depender de depoimentos

Perícia não soluciona crime, diz Garotinho

Felipe Varanda/Folha Imagem
Agentes do FBI acompanhados por um policial brasileiro (à dir.)


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, admitiu ontem que a perícia feita na parte externa e no interior da casa do executivo da Shell Zera Todd Staheli, 39, assassinado na madrugada do último domingo, enquanto dormia, não é conclusiva. Segundo ele, a solução rápida do crime vai depender de depoimentos que dêem pistas à polícia.
"É um crime que pode ser esclarecido rapidamente se houver um depoimento que leve a uma conclusão", disse. "Só pelo trabalho técnico-pericial, vai demorar."
A perícia feita pela Polícia Civil na casa em que moravam o executivo, a mulher, Michelle, 36, e os quatro filhos, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), revelou que os únicos vestígios de sangue fora do quarto do casal estavam na suíte da filha de 13 anos.
Há manchas na porta do quarto e pequenos sinais nos lençóis da cama da adolescente, mas eles ainda estão sendo examinados pela perícia. A menina afirmou ontem à Justiça que, ao encontrar o pai e a mãe feridos, retirou um travesseiro que cobria o rosto do executivo. Disse também que pegou a irmã caçula de três anos, que dormia entre as pernas do pai agonizante, e levou-a para sua cama. Todd Staheli morreu no domingo. Michelle, na quinta-feira.
No banheiro privativo da garota foi encontrada uma machadinha, de cerca de 2 quilos, de uso decorativo, mas já está comprovado que ela não foi usada no crime.
Ao lado do objeto, a polícia encontrou um bilhete, da mãe para a filha, cujo teor, segundo Garotinho, é segredo de Justiça.
Ao lado do perito Tito Abreu Fialho e do diretor-geral da Polícia Técnica, Roger Ancillotti, Garotinho exibiu ontem imagens da perícia na casa e da autópsia do casal. Staheli foi morto com seis golpes no lado direito da cabeça. A mulher sofreu três cortes, também do lado direito da cabeça.
Os cortes, diz o perito Fialho, podem ter sido feitos por um mesmo instrumento -cutelo, facão, enxada, machadinha-, mas a arma do crime não foi achada.
A polícia examinou todos as ferramentas usadas pelo condomínio com o uso de um produto (luminol) capaz de identificar sangue mesmo se ele tiver sido lavado com produtos químicos. O exames deram negativo.
A perícia mostrou que o autor do crime não escalou os muros, nem arrombou portas ou janelas para entrar na casa. A perícia também comprovou que os banheiros das quatro suítes da casa, que ficam no piso superior, não foram usados na manhã do crime. Ou seja, não há indício de que o criminoso tenha usado os banheiros para lavar as marcas de sangue.
Segundo Fialho, só o lavabo, situado no piso térreo da casa, ao lado da sala de jantar, teria sido usado, mas a perícia mostrou que não há nenhum indício de sangue na toalha, na pia ou no vaso.
As fotos tiradas no local do crime mostram que, no lado da cama onde dormia Todd Staheli, havia espirros de sangue no chão (que, supostamente, escorreram da arma), na parede e no teto. Além dos ferimentos na cabeça, ele apresentava hematomas em uma das mãos e no cotovelo.
Já a mulher, Michelle, bateu com a cabeça contra a parede, pois há manchas de sangue e cabelo perto do travesseiro. Ela ainda apresentava hematomas na nuca, na mão direita, no antebraço, nas coxas e no abdome.
Segundo Ancillotti, os hematomas podem ter sido provocados por uma reação de defesa, ao ser atacada, mas que não houve luta corporal entre as vítimas e o assassino, ou assassinos.
As fotos mostram que um dos travesseiros do casal estava encharcado de sangue, mas não há prova de que ele tenha sido usado para sufocar alguma das vítimas. O exame do sangue e das vísceras do casal, que poderá indicar se eles usaram medicamentos ou foram dopados antes do crime, ficará pronto em 15 dias.


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