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Irmãos vão deixar o país, diz advogado
FABIANA CIMIERI
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Antes da decisão da Justiça do
Rio de só permitir a saída da filha
do país com autorização judicial,
o advogado João Mestieri, que
acompanhou dois filhos do casal
Staheli em seu depoimento na
Justiça, disse que as crianças não
irão participar -como quer a polícia- da reconstituição das mortes dos pais e voltarão aos Estados
Unidos "brevemente".
Ele rechaçou as suspeitas, levantadas pela polícia, de que o crime
tenha tido a participação de alguém da família. "Eles [a família]
são religiosos, eles conhecem as
fraquezas humanas, [como podem] se aproveitar num momento desses. Mas o que se deseja é
que isso seja apurado com dignidade", afirmou Mestieri.
No depoimento das crianças
-que não foi assistido pela imprensa- o filho de 10 anos do casal disse, de acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça, que a
machadinha encontrada na casa é
dele, não está com a lâmina afiada
e foi comprada na Escócia. De
acordo com a perícia, a machadinha não foi usada no crime.
Em seu depoimento, Jeffrey
Turner, primeiro adulto a chegar
à casa após o crime, disse que viu
a machadinha, de manhã, num
canto do banheiro da filha mais
velha. Mais tarde, por volta de
13h, viu o objeto em outra posição
no mesmo banheiro.
Tanto a filha mais velha, de 13
anos, quanto o irmão, de 10 anos,
disseram que, quando Turner e
sua mulher, Carolyn, chegaram à
casa, o portão estava destrancado
-o que foi considerado estranho
pelo casal.
A menina disse que, há cerca de
15 dias, sumiu da casa uma flauta,
de valor aproximado de US$ 200.
Segundo ela, a mãe desconfiava
da empregada, Auricélia dos Santos Martins. Questionada se tinha
namorado, ela afirmou que gosta
de um garoto de 14 anos, mas que
não chega a ser um namoro, e que
acredita ser correspondida.
Foi encontrada na casa uma
carta de Michele Staheli para a filha mais velha. A carta, que traria
o horário em que foi escrita, 4h,
falaria do relacionamento das
duas e pedindo calma à jovem.
"Isso já está no teatro, uma carta
de madrugada", reagiu o advogado. A pergunta do Ministério Público sobre a carta foi indeferida
pela juíza Maria Angélica Guedes.
Segundo o advogado das crianças, a jovem disse que foi a última
a se deitar, por volta das 23h30.
Foi ao quarto dos pais e viu que a
porta estava entreaberta, como
era costume na família.
De madrugada, a filha menor
do casal, de 3 anos, foi para a cama dos pais. Achou que eles estavam sujos de lama e deitou-se entre as pernas do pai. Foi retirada
de manhã pelo irmão de 10 anos,
o primeiro a entrar no quarto. Por
volta das 6h30 de domingo, o menino ouviu o despertador do
quarto dos pais tocar sem parar.
Foi até lá, viu os pais ensanguentados, parou o despertador e chamou os irmãos.
A filha mais velha retirou um
travesseiro que estava sobre o rosto do pai. Segundo o menino, nenhuma das crianças sujou as roupas de sangue. A adolescente disse que só a irmã de 3 anos sujou
de sangue um pedaço da manga
do pijama. Segundo o advogado
Mestieri, a rotina da família estava
normal nos últimos dias, e o relacionamento entre pais e filhos era
"excelente".
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