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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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Irmãos vão deixar o país, diz advogado

FABIANA CIMIERI
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Antes da decisão da Justiça do Rio de só permitir a saída da filha do país com autorização judicial, o advogado João Mestieri, que acompanhou dois filhos do casal Staheli em seu depoimento na Justiça, disse que as crianças não irão participar -como quer a polícia- da reconstituição das mortes dos pais e voltarão aos Estados Unidos "brevemente".
Ele rechaçou as suspeitas, levantadas pela polícia, de que o crime tenha tido a participação de alguém da família. "Eles [a família] são religiosos, eles conhecem as fraquezas humanas, [como podem] se aproveitar num momento desses. Mas o que se deseja é que isso seja apurado com dignidade", afirmou Mestieri.
No depoimento das crianças -que não foi assistido pela imprensa- o filho de 10 anos do casal disse, de acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça, que a machadinha encontrada na casa é dele, não está com a lâmina afiada e foi comprada na Escócia. De acordo com a perícia, a machadinha não foi usada no crime.
Em seu depoimento, Jeffrey Turner, primeiro adulto a chegar à casa após o crime, disse que viu a machadinha, de manhã, num canto do banheiro da filha mais velha. Mais tarde, por volta de 13h, viu o objeto em outra posição no mesmo banheiro.
Tanto a filha mais velha, de 13 anos, quanto o irmão, de 10 anos, disseram que, quando Turner e sua mulher, Carolyn, chegaram à casa, o portão estava destrancado -o que foi considerado estranho pelo casal.
A menina disse que, há cerca de 15 dias, sumiu da casa uma flauta, de valor aproximado de US$ 200. Segundo ela, a mãe desconfiava da empregada, Auricélia dos Santos Martins. Questionada se tinha namorado, ela afirmou que gosta de um garoto de 14 anos, mas que não chega a ser um namoro, e que acredita ser correspondida.
Foi encontrada na casa uma carta de Michele Staheli para a filha mais velha. A carta, que traria o horário em que foi escrita, 4h, falaria do relacionamento das duas e pedindo calma à jovem.
"Isso já está no teatro, uma carta de madrugada", reagiu o advogado. A pergunta do Ministério Público sobre a carta foi indeferida pela juíza Maria Angélica Guedes.
Segundo o advogado das crianças, a jovem disse que foi a última a se deitar, por volta das 23h30. Foi ao quarto dos pais e viu que a porta estava entreaberta, como era costume na família.
De madrugada, a filha menor do casal, de 3 anos, foi para a cama dos pais. Achou que eles estavam sujos de lama e deitou-se entre as pernas do pai. Foi retirada de manhã pelo irmão de 10 anos, o primeiro a entrar no quarto. Por volta das 6h30 de domingo, o menino ouviu o despertador do quarto dos pais tocar sem parar. Foi até lá, viu os pais ensanguentados, parou o despertador e chamou os irmãos.
A filha mais velha retirou um travesseiro que estava sobre o rosto do pai. Segundo o menino, nenhuma das crianças sujou as roupas de sangue. A adolescente disse que só a irmã de 3 anos sujou de sangue um pedaço da manga do pijama. Segundo o advogado Mestieri, a rotina da família estava normal nos últimos dias, e o relacionamento entre pais e filhos era "excelente".


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