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VIOLÊNCIA
Welington, Luciano e mais 2 menores e um adulto foram mortos durante ação em Niterói; para coronel, todos eram traficantes
Polícia mata garotos de 11 e de 12 anos no Rio
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Os meninos Welington Santiago Oliveira Lima, 11, e Luciano
Rocha Tavares, 12, foram mortos
por policiais militares do Rio durante uma operação no morro do
Estado, em Niterói (15 km do
Rio). Outros dois menores e um
jovem também morreram.
A polícia afirma que as vítimas
faziam parte do tráfico de drogas,
inclusive as duas crianças. Moradores, porém, negam a acusação.
Os 12 PMs envolvidos na ação,
em que nenhum policial se feriu,
estão sob investigação e foram
deslocados para outros batalhões.
O laudo dos exames cadavéricos
sairá hoje. A polícia quer saber se
há sinais de execução.
Segundo o comandante do 12º
BPM, coronel Marcus Jardim, os
policiais faziam operação rotineira no morro do Estado, por volta
das 18h de sábado, quando traficantes atiraram contra eles.
Ainda segundo ele, houve tiroteio intenso e seis supostos traficantes foram alvejados. Além dos
cinco mortos, um garoto de 13
anos foi ferido na perna e corre o
risco de amputá-la.
A mãe de Welington, Fernanda
Antônio de Oliveira, 28, afirmou
que vai à Justiça para provar que
seu filho não era um criminoso.
Ele estava na 2ª série do ensino
fundamental, fazia parte dos projetos Gerson (escolinha de futebol) e Percussão do Samba, onde
estudava música.
"Vou mostrar a todos que meu
filho não era traficante. Quero
uma perícia detalhada do tiro que
matou meu filho. O sonho dele
era ser jogador de futebol", disse.
Ela contou que o filho tinha ido
comprar refrigerante quando começou o tiroteio: "Um policial ficou gritando que ele era traficante, arrastou ele pela perna como
um porco e o matou com um tiro
na cabeça".
Rosa da Silva, 39, mãe de Luciano, lembra que ele estava na 5ª série. "Era um bom aluno. Não tem
culpa de morar no morro."
O único adulto morto na ação
foi o flanelinha Wedson da Conceição, 24. Ele tinha uma filha de 3
anos. "Era trabalhador. Tenho
certeza de que não era traficante",
disse uma parente.
José Maicon dos Santos, 16, outro morto na ação policial, já havia sido detido em 2004 por porte
ilegal de armas, segundo a polícia.
Durante seu enterro, seu pai, o auxiliar de serviços gerais José Fragoso, 41, disse achar que o filho
não fazia parte do tráfico.
O outro garoto morto na ação
foi Edmilson Santos da Conceição, 15. Seus parentes não quiseram dar declarações.
No final da tarde, cerca de cem
moradores fizeram uma passeata
pelo centro de Niterói.
Segundo a polícia, com os cinco
mortos, foram apreendidos uma
metralhadora, duas pistolas, um
revólver, além de cocaína e maconha. "A história mostra que as
crianças fazem, sim, parte do tráfico. Em maio, prendemos um
menino de 12 anos que confessou
ter matado um sargento da PM.
Tenho certeza de que faziam parte
[do tráfico]", disse o coronel.
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