São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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AÇÃO CONTRA A BARBÁRIE

Justiça condena empresa a pagar R$ 120 mil a professora que teve corpo queimado em 2002

Vítima de ataque a ônibus é indenizada

CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Vítima do ato de queimar ônibus, banalizado pelos traficantes do Rio, a professora carioca Neli Pires da Silva, 46, ganhou na Justiça o direito de ser indenizada em razão de um caso ocorrido há três anos.
Neli teve 50% do corpo queimado no dia 17 setembro de 2002 em Marechal Hermes (zona oeste do Rio), em um ataque incendiário muito semelhante ao ocorrido com o ônibus da linha 350, na semana passada, que matou cinco pessoas.
Ela ganhou uma ação por danos morais e estéticos no valor de R$ 120 mil contra a empresa de transportes Santa Sofia. O juiz entendeu que é responsabilidade da empresa zelar pela segurança de seus passageiros até o fim do trajeto.
A 18ª Câmara Cível do Rio de Janeiro já deu ganho de causa para a professora, mas abriu o período para apresentação de recursos. "A empresa certamente tentará reduzir esse valor, mas faremos de tudo para elevá-lo a R$ 600 mil. Esse vaivém de recursos deve durar uns dois anos, mas os prognósticos são bons", afirmou o advogado de Neli, João Tancredo.
Às 20h30 do dia 17 de setembro de 2002, depois de dar mais uma aula particular, Neli pegou o ônibus 786 (Campo Grande-Marechal Hermes) para voltar para casa, na favela do Sapo, e acabou sendo uma das 22 pessoas que saíram feridas em decorrência do fogo provocado por três homens que fizeram o motorista parar o veículo. Eles riscaram um fósforo dentro do ônibus após espalhar gasolina pelos bancos e pelo chão.
"O caso da Neli é rigorosamente igual ao do ocorrido na linha 350. A diferença é que, em 2002, houve uma morte, e não cinco", diz o advogado. Segundo Tancredo, o ataque ao 786, assim como ao 350, foi motivado pelo suposto assassinato de um traficante.
Na final da tarde de ontem, a reportagem tentou entrar em contato com o setor jurídico da Santa Sofia, mas não encontrou o responsável para falar sobre o caso. Também foi procurado o advogado que consta no site do Tribunal de Justiça como defensor da empresa, mas, na Santa Sofia, foi informado ele não era mais o representante.


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