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AÇÃO CONTRA A BARBÁRIE
Justiça condena empresa a pagar R$ 120 mil a professora que teve corpo queimado em 2002
Vítima de ataque a ônibus é indenizada
CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Vítima do ato de queimar ônibus, banalizado pelos traficantes
do Rio, a professora carioca Neli
Pires da Silva, 46, ganhou na Justiça o direito de ser indenizada
em razão de um caso ocorrido
há três anos.
Neli teve 50% do corpo queimado no dia 17 setembro de
2002 em Marechal Hermes (zona oeste do Rio), em um ataque
incendiário muito semelhante
ao ocorrido com o ônibus da linha 350, na semana passada, que
matou cinco pessoas.
Ela ganhou uma ação por danos morais e estéticos no valor
de R$ 120 mil contra a empresa
de transportes Santa Sofia. O juiz
entendeu que é responsabilidade da empresa zelar pela segurança de seus passageiros até o
fim do trajeto.
A 18ª Câmara Cível do Rio de
Janeiro já deu ganho de causa
para a professora, mas abriu o
período para apresentação de
recursos. "A empresa certamente tentará reduzir esse valor, mas
faremos de tudo para elevá-lo a
R$ 600 mil. Esse vaivém de recursos deve durar uns dois anos,
mas os prognósticos são bons",
afirmou o advogado de Neli,
João Tancredo.
Às 20h30 do dia 17 de setembro de 2002, depois de dar mais
uma aula particular, Neli pegou
o ônibus 786 (Campo Grande-Marechal Hermes) para voltar
para casa, na favela do Sapo, e
acabou sendo uma das 22 pessoas que saíram feridas em decorrência do fogo provocado
por três homens que fizeram o
motorista parar o veículo. Eles
riscaram um fósforo dentro do
ônibus após espalhar gasolina
pelos bancos e pelo chão.
"O caso da Neli é rigorosamente igual ao do ocorrido na linha 350. A diferença é que, em
2002, houve uma morte, e não
cinco", diz o advogado. Segundo
Tancredo, o ataque ao 786, assim como ao 350, foi motivado
pelo suposto assassinato de um
traficante.
Na final da tarde de ontem, a
reportagem tentou entrar em
contato com o setor jurídico da
Santa Sofia, mas não encontrou
o responsável para falar sobre o
caso. Também foi procurado o
advogado que consta no site do
Tribunal de Justiça como defensor da empresa, mas, na Santa
Sofia, foi informado ele não era
mais o representante.
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