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ADMINISTRAÇÃO
Mudança de governo em São Paulo não foi suficiente para intimidar ação corrupta de fiscais das regionais
Máfia da propina persiste, dizem camelôs
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A troca da chefia do Executivo
municipal de São Paulo não foi
suficiente para inibir a cobrança
de propina feita por fiscais das
Administrações Regionais a vendedores ambulantes, conforme
denúncias dos próprios camelôs.
A prefeita Marta Suplicy (PT)
assumiu o cargo na última segunda-feira com um discurso de
combate à corrupção. Mas isso
não amedrontou os fiscais corruptos, que protagonizaram escândalos na gestão Celso Pitta.
O secretário Arlindo Chinaglia
(Implementação das Subprefeituras) disse que os camelôs devem
apresentar denúncias formais sobre a extorsão praticadas pelos
fiscais. Segundo ele, a prefeitura
vai criar mecanismos de combate
à corrupção (leia texto abaixo).
Sob o compromisso de não terem seus nomes revelados, por temerem represálias da fiscalização,
três vendedores ambulantes disseram à Folha que a corrupção
entre os fiscais continua.
De acordo com um camelô que
atua na Lapa (zona noroeste), os
fiscais da regional foram designados, nesta semana, para desempenhar outras atividades, como a
poda de árvores.
Ele conta, porém, que mesmo
não tendo lotação formal no setor
de fiscalização, os fiscais seguem
exigindo propina dos camelôs.
O ambulante da região central
disse que os fiscais da Sé teriam
avisado que coletariam a propina
no fim-de-semana, no Brás.
Outro camelô, do Parque do
Carmo (zona leste), diz que a corrupção permanece inalterada em
relação aos ambulantes do local.
Segundo ele, o fato de Marta Suplicy ainda não ter nomeado o
novo regional de Itaquera contribui para a continuidade de corrupção entre fiscais e camelôs.
Todos os ambulantes da cidade
são clandestinos e, em tese, podem ter suas barracas e mercadorias apreendidas pela fiscalização.
Mas eles cobram entre R$ 5 e R$
50 por semana para deixarem de
exercer suas funções. Quem não
paga perde a mercadoria.
Em 1999, Polícia Civil, Ministério Público do Estado e uma CPI
da Câmara Municipal identificaram esquemas de extorsão contra
camelôs em pelo menos três regionais: Sé, Lapa e Penha.
A propina era arrecadada por
fiscais, que repassavam o dinheiro para seus superiores. As regionais eram controladas por vereadores da base de sustentação do
ex-prefeito Celso Pitta.
Nos casos das regionais da Sé e
da Penha, ficou provado que os
ex-vereadores Hanna Garib e Vicente Viscome (na época, ambos
do PPB) recebiam parte do dinheiro tomado dos camelôs. Os
dois estão presos.
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