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"Corruptos se aproveitam do momento"
DA REPORTAGEM LOCAL
O ambulante José Ricardo Teixeira da Silva, o Alemão, diretor
do Sindicato da Economia Informal de São Paulo, diz que os fiscais das administrações regionais
estão "aproveitando a ressaca"
para extorquir os ambulantes.
"Eles estão aproveitando que vão
ser afastados e fazendo a coleta."
"A prefeita ainda não tomou
posse direito. Neste momento, a
fiscalização aproveita para achacar o povo", afirma.
Aos 34 anos, Alemão foi uma
das principais testemunhas da investigação policial que levou à
prisão de dois ex-vereadores.
Folha - O que mudou em relação à
corrupção dos fiscais desde 1º de
janeiro?
Alemão - Continua tudo igual.
Folha - Os fiscais continuam exigindo propina dos camelôs?
Alemão - Tenho informações de
que os fiscais estão aproveitando
que é um momento de ressaca
(período após o fim de uma gestão) para fazer a corrupção.
Folha - Essas informações dizem
respeito a quais regionais?
Alemão - Praticamente todas. A
nova administração ainda não assumiu direito e eles (os fiscais)
têm o controle da máfia.
Folha - O fato de o prefeito ter
mudado não foi suficiente para
acabar com a corrupção.
Alemão - A prefeita ainda não tomou posse direito. Ela ainda está
tomando conhecimento das regionais. Neste momento, a fiscalização aproveita para achacar o
povo. Tenho denúncias da Regional da Sé, da Lapa, de Pinheiros,
de todos os lados. Enquanto os regionais não tomarem pé da situação, vai ficar assim. Depois, espero que afastem esses corruptos.
Folha - Os valores da propina são
os mesmos do ano passado?
Alemão - Tem uns que pedem
mais, outros, menos. Varia de R$
5 a R$ 50, depende do ponto. Tem
lugar em que não se vende nada,
mas tem lugar em que se vende.
Estão aproveitando que vão ser
afastados e fazendo a coleta.
Folha - Se todos os fiscais forem
afastados, o número de camelôs
tende a crescer muito.
Alemão - Se a prefeita tirar todos
os fiscais corruptos, vai diminuir
o número de ambulantes. Ela pode colocar a Guarda Civil Metropolitana para barrar o aumento
dos camelôs. Os que trabalham
hoje foram postos na rua pelos
próprios fiscais. O crescimento
ocorreu porque a máfia ajudou.
Quem chegasse com R$ 1.000 ou
R$ 1.500 obtinha um lugar na rua.
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