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ESTRANHOS NO PARAÍSO
Família quer apressar volta do estudante Rodrigo
Brasileiro é espancado na Austrália
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
A família do estudante Rodrigo
Antenor Nunes de Souza, 26, espancado por jovens australianos
na virada do ano em Gold Coast
(1.251 km da capital Canberra),
tenta desde ontem conseguir um
vôo para trazê-lo de volta ao Brasil antes do previsto.
Devido às festas de final de ano e
das férias, todos os aviões estão
lotados. O visto de Rodrigo vence
em 27 de fevereiro, dia em que estava marcada a volta.
Com fraturas no maxilar, dentes
quebrados e sentindo muita dor,
o estudante brasileiro ainda sente
os efeitos da agressão. Quase não
fala e tem dificuldade para se virar
sozinho, contam os parentes.
A família, de São José (SC), quer
que ele realize um tratamento
odontológico no Brasil. Segundo
o irmão, Volnei Souza Jr., 27, ele já
perdeu o curso de inglês que foi
fazer lá -pois ficará internado-
e, por isso, não há mais motivo
para continuar no local.
O irmão afirma que Rodrigo foi
vítima de um ataque xenófobo.
Após o estouro dos fogos, à 1h,
um rapaz lhe pediu um cigarro,
conta, e ele negou, em inglês. O
rapaz insistiu, e ele novamente
disse não, agora em português.
"Aí o rapaz gritou "brazilian" e
veio gente de tudo quanto é canto
para agredi-lo. A namorada e os
amigos saíram de perto e o perderam de vista", relata o irmão.
De acordo com ele, Rodrigo só
foi encontrado às 9h, em um hospital localizado a 30 km de sua casa, em uma cidade vizinha.
Teve de passar por uma cirurgia
para reconstituir o maxilar. Mas,
à família, diz que não está sendo
medicado corretamente.
Aluno de ciências contábeis da
Univali (Universidade do Vale do
Itajaí), Rodrigo decidiu trancar a
matrícula e ir à Austrália estudar
inglês. Escolheu Gold Coast pelas
ondas -é surfista-, mas logo
que chegou arranjou emprego,
como entregador de pizza.
Sem queixas
O irmão diz que ele nunca havia
comentado nada sobre xenofobia
no país. A namorada, nascida em
Taiwan, também está na cidade e
não foi alvo das agressões.
"Não vamos processar o país,
mas estamos dispostos a ajudar
caso haja uma mobilização para
que isso [aversão ao estrangeiro]
tenha um fim", diz Volnei.
Em dezembro, 5.000 jovens
-vários enrolados em bandeiras
australianas e cantando músicas
de cunho racista contra árabes-
invadiram uma praia e atacaram
um grupo em Sydney.
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