São Paulo, sábado, 07 de janeiro de 2006

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MEMÓRIA PERDIDA

Pela 2ª vez, Promotoria solicita afastamento de presidente

Instituto sofre pedido de intervenção

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público pediu ontem à Justiça uma intervenção no Instituto Histórico Geográfico de São Paulo e o afastamento de sua presidente por suspeita de irregularidades, como má administração e venda de objetos raros.
No último final de semana, o instituto sofreu o maior furto de sua história. Segundo a presidente da entidade, Nelly Martins Ferreira Candeias, os ladrões levaram mais de 30 itens do acervo histórico, entre eles escritos de d. Pedro 1º e d. Pedro 2º e relíquias da Revolução Constitucionalista de 32.
Essa é a segunda vez que a Promotoria do Meio Ambiente da Capital -que também atua na defesa do patrimônio histórico- solicita uma intervenção no instituto por parte da Secretaria Estadual de Cultura e a destituição de sua presidente. O instituto é uma associação privada, sem fins lucrativos, criada em 1894.
Em meados do ano passado, os promotores também sustentaram má gestão e a suspeita de venda de objetos raros em leilão. A 6ª Vara da Fazenda Pública apenas proibiu que o acervo fosse vendido.
Ontem, no pedido de liminar (decisão rápida e provisória), a promotora de Justiça Patrícia Moraes Aude sustentou que o furto mostra que o instituto "está abandonado e correndo risco de dilapidação e deterioração".

Outras ações
Além da ação movida pelo Ministério Público na 6ª Vara da Fazenda Pública, a presidência do instituto é alvo de outro processo na área cível movido por um dos sócios da entidade. Também nesse caso, a Justiça negou o afastamento da presidente do instituto.
Segundo a Folha informou ontem, o maior furto do acervo ocorreu quando o instituto estava prestes a sofrer uma perícia judicial em sua contabilidade e no seu acervo de peças e documentos históricos.
A perícia foi determinada pela 13ª Vara Cível de São Paulo. O profissional que iria fazer a vistoria já estava nomeado pelo juiz.
Para o advogado Renato Gomes Sterman, que atua nessa ação judicial, o furto vai prejudicar a vistoria, que também inclui um inventário do acervo. A perícia deve ser concluída no primeiro semestre de 2006.
O furto no instituto está sendo investigado pelo 1º DP (praça da Sé). Ex-funcionários confirmaram à polícia denúncias de má gestão do instituto.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, também apura suspeita de comercialização ilegal de obras raras do instituto desde maio de 2005 e a possibilidade da existência de um quadrilha especializada.
Segundo o promotor de Justiça José Reinaldo Carneiro, a investigação do Gaeco foi um desdobramento, na área criminal, da ação proposta pela Promotoria do Meio Ambiente. Um inquérito policial foi aberto pela Delegacia Seccional Centro em maio, mas ainda não teve conclusão, segundo o promotor.


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