São Paulo, sexta, 7 de fevereiro de 1997.

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CRIME
Mulher e filha não estavam em casa e escaparam; segundo delegado, ex-empresário teria premeditado mortes
Vendedor mata mãe, 2 filhos e se suicida

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

e ROSALI FIGUEIREDO
em Belo Horizonte

O vendedor autônomo de computadores e ex-empresário Stênio Abrahim, 42, matou dois de seus filhos, de 16 e 10 anos, a mãe, Jaura Abrahim, 80, e suicidou-se com um tiro na boca anteontem em Belo Horizonte.
Abrahim usou dois revólveres, calibres 38 e 22, para atingir Stênio de Almeida Franco Abrahim, 16, Steiner Franco Abrahim, 10, além da mãe. O crime aconteceu nos dois apartamentos conjugados de seis quartos da família, no centro.
A sua mulher, Gleusa de Fátima Franco Abrahim, e sua filha, S.A.F.A., 12, escaparam da morte porque não estavam em casa.
Segundo parentes e amigos, Abrahim vinha ameaçando matar toda a família. Ele enfrentava problemas financeiros havia dois anos e fazia tratamento com antidepressivos, segundo parentes.
O delegado Otto Teixeira, da Divisão de Homicídios de Belo Horizonte, afirmou que Abrahim premeditou os crimes.
Duas caixas de munição foram encontradas nos apartamentos, além de 11 balas no bolso de sua calça. Segundo Teixeira, foram disparados 11 tiros e havia sinais de pólvora nas mãos de Abrahim.
Laudo parcial da necropsia confirmou, segundo o legista Júlio César Marra, a hipótese do triplo homicídio acompanhado de suicídio.
Perseguição
Os primeiros seis atingiram Stênio, o filho mais velho, no braço, tórax e cabeça. Ele estava em um dos quartos e tentou se proteger com os braços, segundo Marra.
Segundo informações fornecidas pelo delegado e o legista, em seguida Abrahim acertou o filho mais novo, Steiner, no corredor de ligação entre os apartamentos.
Ferido, o garoto correu, mas acabou sendo atingido na cabeça. Depois, Abrahim foi até a sala de TV da casa, onde matou a mãe com dois tiros na cabeça. Em seguida, suicidou-se.
Os crimes teriam ocorrido por volta das 17h30, dez minutos após Abrahim ter mandado a empregada, Maria das Graças Castro Soares da Silva, entregar uma carta ao amigo Edson Pascoal Marcolino, em que estariam explicadas as razões dos crimes.
Os corpos foram encontrados por Marcolino e por Gleusa Franco Abrahim no início da noite.
Segundo uma moradora do apartamento 106, duas sequências de disparos foram ouvidas por volta das 17h30, mas ninguém tomou providência porque não havia sinais de violência ou assalto.
Segundo uma amiga da família, Estelita Palhares, Gleusa estava retornando de Contagem, onde leciona balé. Ela teria encontrado o apartamento trancado por dentro e, após conversar com o garagista, do prédio soube dos disparos.
Acompanhada por Marcolino e por um soldado da PM, eles teriam arrombado a porta e encontrado os mortos.

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