São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPORTES

Trabalhadores e empresários ameaçam com novas paralisações se não houver fiscalização contra perueiros

Greves vão se repetir, dizem motoristas

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários e trabalhadores de ônibus dizem que as paralisações no transporte de São Paulo devem continuar nos próximos meses, pelo menos enquanto a prefeitura não aumentar a fiscalização contra os perueiros.
"Além da falta de pagamento, um "plus" (motivo a mais) da greve dos motoristas foi a falta de fiscalização aos perueiros. Com isso, nós concordamos", afirmou Antonio Sampaio Amaral Filho, diretor jurídico do Transurb (sindicato das empresas de ônibus).
"Enquanto a prefeitura não der um jeito nas lotações, os passageiros não voltarão aos ônibus, os empresários não pagarão em dia e a gente continuará fazendo greve", disse Edivaldo Santiago, presidente do Sindicato dos Condutores de São Paulo. "Temos que recuperar o sistema. É preciso fiscalizar e punir o transporte clandestino", afirmou.
A apreensão de peruas clandestinas pela SPTrans (São Paulo Transporte) teve redução drástica nos primeiros 31 dias da administração petista. Desde a posse de Marta Suplicy, a empresa reteve, em média, seis lotações por dia. No ano passado, esse índice foi de 26. Em 1999, chegou a 28.
O secretário dos Transportes, Carlos Zarattini, disse que desmontou "aquele esquema absurdo de caça policial" às lotações. Ele nega, porém, que a fiscalização vá afrouxar. "Estamos montando as equipes. Não se faz isso da noite para o dia."
Segundo Zarattini, os fiscais não vão fazer perseguições, como na gestão Celso Pitta, mas continuarão com as blitze.
Ele afirmou que o sistema ficará organizado, sem apresentar concorrência predatória aos ônibus, após a definição dos 4.042 perueiros selecionados em licitação para operar na capital paulista.
Essa concorrência, concluída em dezembro, está sendo investigada por uma comissão de sindicância da Secretaria dos Transportes, já que foi alvo de denúncias de irregularidades.
Zarattini disse ontem que não deverá conceder mais autorizações a perueiros, a não ser para aqueles que foram selecionados na última licitação. Semanas atrás, ele havia dito que estudaria a liberação de outras mil licenças para os donos de lotações.

Transurb
A avaliação do Transurb é que só há duas alternativas para evitar atrasos de pagamento aos motoristas e cobradores de ônibus: concessão de subsídio (R$ 35 milhões por mês, aproximadamente) às empresas ou elevação do número de passageiros (de 90 milhões para 120 milhões por mês).
Zarattini já disse que a secretaria não tem dinheiro para conceder subsídios. Por isso, só restaria recuperar para o sistema os passageiros "roubados" nos últimos anos pelas lotações.
Tanto empresários como trabalhadores dizem que o pagamento dos repasses de vales-transporte pela Prefeitura de São Paulo não garante que as viações terão condições de pagar em dia os salários de motoristas e cobradores.


Texto Anterior: Transportes: Grandes empresas param e afetam 1,5 mi
Próximo Texto: Sindicato deve se filiar à Força mês que vem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.