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ADMINISTRAÇÃO
Dos 45 mil contribuintes que deveriam ser beneficiados pelo Refis, apenas 5.228 procuraram a prefeitura
Anistia atrai só 12% dos devedores em SP
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Lançado no final do ano passado com o objetivo de atrair 45 mil
devedores de tributos e taxas municipais e de recuperar uma receita de cerca de R$ 5 bilhões para a
prefeitura, o Refis (Programa de
Recuperação Fiscal) atingiu apenas 11,6% da primeira meta
-5.228 inadimplentes aderiram.
Os dados são da Secretaria das
Finanças de São Paulo e se referem ao total de processos protocolados por contribuintes interessados em se beneficiar do programa, que vigorou, por lei, entre dezembro de 2000 e o mês passado.
O Refis previa que os inadimplentes podiam parcelar débitos
com tributos e taxas municipais
em até dez anos com anistia de juros e redução de 75% na multa
que seria aplicada sobre a dívida.
A facilidade podia ser usada para pagamento, por exemplo, de
débitos com o ISS (Imposto Sobre
Serviços) e com o IPTU (Imposto
Predial e Territorial Urbano).
As metas de valores e de contribuintes estipuladas para o Refis
constam de balanço de governo
da administração do ex-prefeito
Celso Pitta (PTN), publicado em
28 de dezembro do ano passado
no "Diário Oficial" do Município.
O valor da dívida que poderá ser
recuperado com o total de 5.228
processos protocolados no prazo
em que vigorou o programa ainda
não foi calculado.
O cálculo depende da análise
que será feita dos pedidos protocolados pelos contribuintes na secretaria. No caso de dívida com o
IPTU, por exemplo, a análise poderá levar 90 dias.
A partir do número de pedidos,
no entanto, a conclusão é a de que
a meta de recuperar os cerca de
R$ 5 bilhões lançados na dívida
ativa do município também não
será atingida pela prefeitura.
O programa já havia gerado polêmica antes mesmo de ser aprovado no final do ano passado na
Câmara e sancionado pelo ex-prefeito Celso Pitta.
Vereadores petistas da legislatura passada contestavam a redução
de alíquota de ISS também inserida na lei que criou o Refis.
O argumento da oposição era o
de que essa mudança provocaria
perda de cerca de R$ 280 milhões.
Da administração anterior e dos
vereadores governistas vinham
argumento oposto: haveria um
incremento de arrecadação.
Devido a essa avaliação, chegou
até a ser incluído no Orçamento
deste ano da prefeitura uma previsão de que o Refis levaria R$ 230
milhões aos cofres municipais.
Essa estimativa já chegou a ser
classificada pelo secretário das Finanças, João Sayad, como um
"sonho de uma noite de verão".
A redução na alíquota de ISS
-de 5% para 0,75%, para empresas de determinados setores- foi
suspensa no mês passado por decisão temporária do TJ (Tribunal
de Justiça) de São Paulo.
O despacho foi em ação direta
de inconstitucionalidade proposta pela prefeita Marta Suplicy. A
ação ainda terá de passar por, pelo
menos, mais um julgamento.
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