DO "AGORA"

Mesmo funcionando havia pouco mais de dez meses a cerca de cem metros do 3º DP (Santa Ifigênia) e da Delegacia Seccional Centro -que ficam na rua Aurora, nº 322-, uma falsa delegacia de polícia só foi descoberta ontem pela verdadeira polícia paulista.
No prédio da chamada "Delegacia do Cidadão no Estado de São Paulo", localizada no nº 439 da avenida Rio Branco, com placas na fachada que podiam ser avistadas das janelas do 3º DP e da Seccional Centro, a polícia prendeu em flagrante o advogado Jomateleno dos Santos Teixeira, 42.
Ele chegou a cobrar R$ 300 -a cena foi gravada- de um repórter da Rede Globo que se passou por um cidadão que procurava ajuda na delegacia falsa contra um restaurante.
De acordo com o delegado seccional centro, Mario Jordão Toledo Leme, agora a polícia tentará descobrir e comprovar que Teixeira exigia dinheiro para exercer funções que só cabem à polícia.
A polícia ainda não sabe estimar quanto a delegacia falsa faturava e nem quantas pessoas faziam parte do esquema.

Ficha policial
O advogado era procurado por estelionato, já havia sido processado outras 22 vezes -a primeira vez em 1976- e ontem foi enquadrado, inicialmente, no crime de usurpação de função pública, já que a "delegacia" criada por ele exercia ilegalmente funções que só cabem ao Estado, como fazer boletins de ocorrência e intimar pessoas.
Os boletins de ocorrência encontrados no local eram assinados por pessoas que se intitulavam "delegado social de plantão".
"Eles tentavam imitar a polícia verdadeira", afirmou o delegado seccional centro.
Outras seis pessoas, como o porteiro, a telefonista e a faxineira da falsa delegacia, foram detidas para averiguação.
A "Delegacia do Cidadão" ou "1º DC Centro", conforme documentos e computadores apreendidos ontem, era subdividida em várias outras, como delegacia social regional, delegacia social de poluição visual, delegacia social de poluição sonora, habitação, saúde etc.
A chamada Delegacia do Cidadão no Estado de São Paulo foi criada a partir de um ato deliberativo registrado no 7º Cartório de Notas da Capital, em 1º de maio de 2002.

Outro lado
Ontem, segundo o delegado seccional centro, o advogado preso só se dispôs a conceder entrevista à Rede Globo.


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