São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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ZOOLÓGICO

Exames indicaram que oito deles foram envenenados por um raticida; primeiro caso foi no dia 24 de janeiro

Polícia investiga a morte de dez animais

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia investiga a morte em série de dez animais do Zoológico de São Paulo, na zona sul.
Os exames laboratoriais já comprovaram que oito deles foram envenenados por um raticida cuja produção e venda estão proibidas no país, de acordo com a direção da instituição.
Faltam os exames de um chimpanzé e de um dromedário.
Morreram Tony, Nancy e Felipe, chimpanzés de 15 a 25 anos, a elefanta Baira, de 33, três dromedários de cerca de sete anos -Marisa, Marquito e Juju- e três antas, entre elas Melancia, de três meses, que foi escolhida recentemente como um dos animais-símbolo da cidade no aniversário dos 450 anos.
De tão queridos, os bichos receberam nomes dos funcionários e do público, diz José Luiz Catão Dias, 45, diretor técnico-científico do zoológico.
Melancia foi assim batizada por ser gorda e listrada. Faziam parte do ranking dos mais visitados pelo público. "Fiquei emocionado. Não esperava passar por isso na vida", afirmou Dias.
Biólogos, veterinários e principalmente tratadores estão muito tristes, disse ele. Um deles recebeu a elefanta há 30 anos.
As mortes começaram no dia 24 de janeiro. Um chimpanzé foi encontrado morto na jaula. Tinha sido visitado horas antes pelo veterinário, em uma avaliação de rotina, e estava bem. No dia 27 foi um dromedário, reprodutor do zoológico. As últimas duas mortes, de outro chimpanzé e de outro dromedário, ocorreram ontem. Segundo Dias, os veterinários acompanharam as mortes das antas, encontradas agonizando. "Foram mortes muito sofridas, com uma dificuldade respiratória grande. Um dromedário teve convulsões."

Alta periculosidade
O veneno causa rapidamente falência dos órgãos, explica Dias, por impedir a respiração celular. Uma quantidade pequena da substância, o monofluoracetato de sódio, é suficiente para matar.
A substância, cuja fabricação e venda estão proibidas, levava os nomes "Mão Branca" e "1080", afirma. Foi vetada pela alta periculosidade, por não ter gosto nem cheiro. Mesmo recebendo lavagem gástrica e soro, os bichos do zoológico não resistiram.
Em alguns países, como Nova Zelândia, EUA e Austrália, o veneno é ainda utilizado para exterminar pragas de roedores.
O zoológico, fundado há 45 anos, tem 3.500 bichos e expõe 2.000 ao público. Nos finais de semana, chega a receber 12 mil pessoas por dia em uma área total de 1 milhão de m2. De seus 230 funcionários, 70 lidam diretamente com os animais.
"Não é possível excluir qualquer possibilidade", afirma Dias.
No zôo, trabalham 15 seguranças por turno. "Não é pouco. Eles trabalham por zona, os veículos rodam internamente e no perímetro", diz Paulo Bressan, 39, diretor do zoológico. Há ainda uma base da Polícia Militar no local. Não havia câmeras nas jaulas em que houve mortes.
A maior parte da ração é produzida em uma fazenda do próprio zôo. Como é distribuída para boa parte dos animais, a hipótese de contaminação da comida está praticamente descartada.
Os corpos dos animais seguiram para instituições como museus e faculdades de veterinária. Serão utilizados para estudos ou empalhados para exposição.


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