|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ZOOLÓGICO
Exames indicaram que oito deles foram envenenados por um raticida; primeiro caso foi no dia 24 de janeiro
Polícia investiga a morte de dez animais
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia investiga a morte em
série de dez animais do Zoológico
de São Paulo, na zona sul.
Os exames laboratoriais já comprovaram que oito deles foram
envenenados por um raticida cuja
produção e venda estão proibidas
no país, de acordo com a direção
da instituição.
Faltam os exames de um chimpanzé e de um dromedário.
Morreram Tony, Nancy e Felipe, chimpanzés de 15 a 25 anos, a
elefanta Baira, de 33, três dromedários de cerca de sete anos
-Marisa, Marquito e Juju- e
três antas, entre elas Melancia, de
três meses, que foi escolhida recentemente como um dos animais-símbolo da cidade no aniversário dos 450 anos.
De tão queridos, os bichos receberam nomes dos funcionários e
do público, diz José Luiz Catão
Dias, 45, diretor técnico-científico
do zoológico.
Melancia foi assim batizada por
ser gorda e listrada. Faziam parte
do ranking dos mais visitados pelo público. "Fiquei emocionado.
Não esperava passar por isso na
vida", afirmou Dias.
Biólogos, veterinários e principalmente tratadores estão muito
tristes, disse ele. Um deles recebeu
a elefanta há 30 anos.
As mortes começaram no dia 24
de janeiro. Um chimpanzé foi encontrado morto na jaula. Tinha
sido visitado horas antes pelo veterinário, em uma avaliação de
rotina, e estava bem. No dia 27 foi
um dromedário, reprodutor do
zoológico. As últimas duas mortes, de outro chimpanzé e de outro dromedário, ocorreram ontem. Segundo Dias, os veterinários acompanharam as mortes
das antas, encontradas agonizando. "Foram mortes muito sofridas, com uma dificuldade respiratória grande. Um dromedário teve convulsões."
Alta periculosidade
O veneno causa rapidamente falência dos órgãos, explica Dias,
por impedir a respiração celular.
Uma quantidade pequena da
substância, o monofluoracetato
de sódio, é suficiente para matar.
A substância, cuja fabricação e
venda estão proibidas, levava os
nomes "Mão Branca" e "1080",
afirma. Foi vetada pela alta periculosidade, por não ter gosto nem
cheiro. Mesmo recebendo lavagem gástrica e soro, os bichos do
zoológico não resistiram.
Em alguns países, como Nova
Zelândia, EUA e Austrália, o veneno é ainda utilizado para exterminar pragas de roedores.
O zoológico, fundado há 45
anos, tem 3.500 bichos e expõe
2.000 ao público. Nos finais de semana, chega a receber 12 mil pessoas por dia em uma área total de
1 milhão de m2. De seus 230 funcionários, 70 lidam diretamente
com os animais.
"Não é possível excluir qualquer
possibilidade", afirma Dias.
No zôo, trabalham 15 seguranças por turno. "Não é pouco. Eles
trabalham por zona, os veículos
rodam internamente e no perímetro", diz Paulo Bressan, 39, diretor do zoológico. Há ainda uma
base da Polícia Militar no local.
Não havia câmeras nas jaulas em
que houve mortes.
A maior parte da ração é produzida em uma fazenda do próprio
zôo. Como é distribuída para boa
parte dos animais, a hipótese de
contaminação da comida está
praticamente descartada.
Os corpos dos animais seguiram para instituições como museus e faculdades de veterinária.
Serão utilizados para estudos ou
empalhados para exposição.
Texto Anterior: Pernambuco: Seqüestrador é morto depois de estuprar jovem Próximo Texto: Diplomacia: Outro americano é preso por fazer gesto obsceno ao ser identificado Índice
|