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SAÚDE
Medida foi adotada no final de 2003 pela secretaria estadual, que alegou que hospitais estavam ultrapassando o teto de gastos
Corte de verba afeta tratamento de câncer
FERNANDA BASSETTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Os Centros de Alta Complexidade em Oncologia (Cacons) dos
hospitais de São Paulo reduziram
o atendimento clínico de pacientes com câncer em razão do corte
do extrateto, subsidiado pelo SUS
(Sistema Único de Saúde).
A medida foi adotada pela Secretaria de Estado da Saúde no final de 2003 sob a justificativa de
que os hospitais ultrapassam
muito o limite contratual, não havendo mais como realizar um remanejamento de recursos.
A secretaria diz que, em 2003,
gastou R$ 30 milhões a mais que o
previsto com extratetos. Em 2002,
foram gastos R$ 195 milhões para
tratamento de câncer no Estado
-o valor não inclui internações.
Em Jaú (SP), o hospital Amaral
Carvalho, referência em câncer de
medula óssea no Estado, teve o teto extra suprimido e mantém o
atendimento médio de 3.433 pacientes por mês com o dinheiro
da fundação mantenedora. O teto
mensal do Amaral Carvalho é R$
711 mil, mas o hospital chega a
gastar R$ 1,5 milhão.
Na região de Campinas (SP), a
medida já afetou o Hospital Universitário de Bragança Paulista e o
Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, que não atendem mais novos pacientes.
Em Bragança, o teto mensal repassado pelo Estado para tratamento oncológico no Hospital
Universitário é R$ 70 mil. O hospital estava gastando, em média,
R$ 184 mil. Segundo o coordenador do Centro Integrado de Oncologia do hospital, Darwin Zacharias, o valor extrateto permitia
atender e tratar, em média, 40 pacientes a mais por mês.
Maria de Lourdes Campos Garcia, 62, de Atibaia, que teve de
procurar atendimento em um
hospital de São Paulo. Ela descobriu um tumor em outubro, no
hospital de Bragança, mas não teve como continuar o tratamento.
"Consegui realizar a primeira
sessão de quimioterapia em São
Paulo, no final do mês passado."
O Hospital do Câncer A.C. Camargo de São Paulo não aumenta
os atendimentos nos últimos três
anos, diz Daniel Daheinzelin, diretor-clínico. O Hospital do Câncer e o Inca (Instituto Nacional de
Câncer) são os únicos Cacons de
nível 3 do país, aqueles que atendem os casos mais complicados.
De acordo com Daheinzelin,
houve aumentos sucessivos dos
valores pagos pelo SUS por procedimento. Mas a unidade continua
tendo o mesmo limite. Assim, um
determinado procedimento custava R$ 10 e foi reajustado para R$
20, mas o hospital continua tendo
R$ 100 para gastar.
A Secretaria de Estado da Saúde
informou, por sua assessoria de
imprensa, que o corte do extrateto foi necessário e que o Estado está buscando aumentar o repasse
de verbas no ministério.
Afirmou ainda que não tem como saber quantos pacientes deixaram de ser atendidos.
O Ministério da Saúde informou, por meio de sua assessoria
de imprensa, que os repasses do
SUS aos Estados não sofreram
corte e que, no caso de São Paulo,
houve um aumento constante dos
recursos no decorrer de 2003.
Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local
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