São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2007

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Procuradoria quer fechar Congonhas

Para procuradores, decisão do juiz de suspender vôos de alguns tipos de aeronave não é suficiente

Argumento é que é necessário fechar totalmente o aeroporto para agilizar as obras nas pistas e evitar acidentes

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal de São Paulo informou ontem que vai insistir no pedido para suspender todas as operações de pouso e de decolagem até a realização da reforma na pista principal de Congonhas (zona sul de São Paulo).
Os procuradores Fernanda Taubemblatt e Marcio Schusterschitz da Silva Araújo vão recorrer da decisão do juiz-substituto Ronald Carvalho Filho, da Justiça Federal, sob o argumento de que ela não é suficiente para garantir a segurança dos passageiros.
O juiz proibiu a suspensão dos vôos realizados por aviões modelo Fokker-100 e Boeings 737/800 e 737/700 em Congonhas a partir da 0h de amanhã.
Em nota, sustentam que essa [suspensão total dos vôos] "ainda é a melhor solução possível" para se realizar os reparos, que já deveriam ter ocorrido no ano passado.
A Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) quer realizar os reparos somente após o Carnaval.
"Não foi o que pedimos ao juiz", disse Taubemblatt sobre a decisão da Justiça Federal.
Por questões de segurança, a pista principal de Congonhas é interditada quando possui pelo menos três milímetros de lâmina d'água (uma película de água que recobre a pista e faz com que os pneus percam a aderência com o solo). Ela fica alagada, segundo a Infraero, porque o sistema de drenagem não consegue retirar a água acumulada, e precisa ser reformada.

Boeing 737-300
A Procuradoria informa também que a medida de Carvalho Filho não atinge, por exemplo, o Boeing 737-300. Uma aeronave desse modelo derrapou em 6 de outubro.
De março de 2006 a janeiro deste ano, quatro aviões derraparam em Congonhas, segundo levantamento feito pelo Ministério Público Federal.
Na solicitação que ajuizaram no dia 24 de janeiro na 22ª Vara Federal Cível de São Paulo, os procuradores haviam constatado que as derrapagens ocorrem porque o sistema de drenagem da pista do aeroporto é ineficiente, o que coloca em risco a vida de tripulantes, passageiros e moradores vizinhos.
Novos casos de derrapagens, porém, foram registrados em Congonhas mesmo após a decisão de interditar a pista em condições de chuva a partir de 28 de dezembro.
Em 17 de janeiro, um Boeing da Varig derrapou após o piloto realizar uma freada brusca para se livrar de um alagamento no meio da pista principal.
O órgão responsável por interditar as pistas em situações de chuva é o Serviço Regional de Proteção ao Vôo (SRPV-SP).
Para os procuradores, o juiz baseou sua sentença na capacidade de frenagem dos aviões -o que consideram um erro.

Só em dia de chuva
Já a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, disse que a entidade defende que todos os vôos em Congonhas sejam suspensos em dias de chuva. "Do jeito que ficou a decisão, chegou a ser uma medida discriminatória", afirmou sobre a decisão da Justiça federal.
Para o vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral, Adalberto Febeliano, a decisão foi criteriosa. "Ele [o juiz-substituto] fez a lição de casa, apresentou parâmetros. Mas claro que não é uma decisão técnica. O fato é que a pista precisa de reforma", afirmou.


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