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Procuradoria quer fechar Congonhas
Para procuradores, decisão do juiz de suspender vôos de alguns tipos de aeronave não é suficiente
Argumento é que é necessário fechar totalmente o aeroporto para agilizar as obras nas pistas e evitar acidentes
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
de São Paulo informou ontem
que vai insistir no pedido para
suspender todas as operações
de pouso e de decolagem até a
realização da reforma na pista
principal de Congonhas (zona
sul de São Paulo).
Os procuradores Fernanda
Taubemblatt e Marcio Schusterschitz da Silva Araújo vão recorrer da decisão do juiz-substituto Ronald Carvalho Filho,
da Justiça Federal, sob o argumento de que ela não é suficiente para garantir a segurança dos passageiros.
O juiz proibiu a suspensão
dos vôos realizados por aviões
modelo Fokker-100 e Boeings
737/800 e 737/700 em Congonhas a partir da 0h de amanhã.
Em nota, sustentam que essa
[suspensão total dos vôos] "ainda é a melhor solução possível"
para se realizar os reparos, que
já deveriam ter ocorrido no ano
passado.
A Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) quer realizar os reparos somente após o Carnaval.
"Não foi o que pedimos ao
juiz", disse Taubemblatt sobre
a decisão da Justiça Federal.
Por questões de segurança, a
pista principal de Congonhas é
interditada quando possui pelo
menos três milímetros de lâmina d'água (uma película de água
que recobre a pista e faz com
que os pneus percam a aderência com o solo). Ela fica alagada,
segundo a Infraero, porque o
sistema de drenagem não consegue retirar a água acumulada,
e precisa ser reformada.
Boeing 737-300
A Procuradoria informa também que a medida de Carvalho
Filho não atinge, por exemplo,
o Boeing 737-300. Uma aeronave desse modelo derrapou
em 6 de outubro.
De março de 2006 a janeiro
deste ano, quatro aviões derraparam em Congonhas, segundo
levantamento feito pelo Ministério Público Federal.
Na solicitação que ajuizaram
no dia 24 de janeiro na 22ª Vara
Federal Cível de São Paulo, os
procuradores haviam constatado que as derrapagens ocorrem
porque o sistema de drenagem
da pista do aeroporto é ineficiente, o que coloca em risco a
vida de tripulantes, passageiros
e moradores vizinhos.
Novos casos de derrapagens,
porém, foram registrados em
Congonhas mesmo após a decisão de interditar a pista em
condições de chuva a partir de
28 de dezembro.
Em 17 de janeiro, um Boeing
da Varig derrapou após o piloto
realizar uma freada brusca para
se livrar de um alagamento no
meio da pista principal.
O órgão responsável por interditar as pistas em situações
de chuva é o Serviço Regional
de Proteção ao Vôo (SRPV-SP).
Para os procuradores, o juiz
baseou sua sentença na capacidade de frenagem dos aviões
-o que consideram um erro.
Só em dia de chuva
Já a presidente do Sindicato
Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, disse que a entidade defende que todos os vôos
em Congonhas sejam suspensos em dias de chuva. "Do jeito
que ficou a decisão, chegou a
ser uma medida discriminatória", afirmou sobre a decisão da
Justiça federal.
Para o vice-presidente executivo da Associação Brasileira
de Aviação Geral, Adalberto
Febeliano, a decisão foi criteriosa. "Ele [o juiz-substituto]
fez a lição de casa, apresentou
parâmetros. Mas claro que não
é uma decisão técnica. O fato é
que a pista precisa de reforma",
afirmou.
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