São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2007

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Serra defende autonomia para acordos entre Estados e EUA

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), defendeu ontem que os Estados tenham autonomia para fechar acordos próprios de cooperação com os Estados Unidos, especialmente na área de segurança.
Atualmente, o governo federal não admite relações bilaterais dos Estados com Washington. Serra acha que bastaria um "acompanhamento federal".
Esses foi um dos temas do almoço de ontem, em São Paulo, entre Serra e dois dos principais homens da hierarquia do Departamento de Estado norte-americano, Nicholas Burns, subsecretário de Política, e Thomas Shannon, responsável pela América Latina.
Serra considera que, na área de segurança, há muitas frentes de cooperação passíveis de entendimentos, especialmente no que chama de "tecnologia de combate ao crime" (o que inclui equipamentos) e na troca de informações. Como discutiram ontem, o crime organizado não tem fronteiras, é uma questão global.

Cocaína e pirataria
Conforme a Folha apurou, os enviados do governo George W. Bush manifestaram especial preocupação com a produção de cocaína na Bolívia e destacaram que o escoadouro geográfico natural da matéria-prima e da droga pronta é o Brasil.
Com o governo Evo Morales, conhecido como "líder cocaleiro", a avaliação brasileira é de que a produção de cocaína possa experimentar um "boom", com reflexos evidentes sobre o Brasil e sobre o farto mercado norte-americano para a droga.
Além disso, o governador de São Paulo lembrou que há 200 mil bolivianos vivendo no Estado, boa parte deles de forma ilegal. Ao contrário dos EUA, que tentam manter uma forte prática de vigilância de estrangeiros ilegais, não há no Brasil nenhum tipo de ação coordenada nessa área.
Outro assunto da conversa entre Serra, Burns e Shannon foi a pirataria, que está sempre na pauta prioritária dos EUA, mas também incomoda o Brasil. O governador disse que o Brasil nem produz pirataria, como a China, por exemplo, nem tributa a mercadoria pirata que recebe de outros países.
Como comparação, disse a Burns e Shannon que, para os chineses, pirataria significa negócios, mas para o Brasil significa desemprego e estímulo ao crime organizado.

Outros governadores
Os dois enviados norte-americanos também terão um almoço em Brasília com outros governadores.
Estão convidados Aécio Neves (PSDB-MG), Jaques Wagner (PT-BA), Yeda Crusius (PSDB-RS) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
O interesse de Washington é principalmente listar as áreas sensíveis para os Estados brasileiros e passíveis de cooperação com os EUA.


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