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PF prende acusado de gerir finanças de grupo de Abadía
O colombiano Jorge Rincón Ordonez foi preso em Curitiba
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem em Curitiba o traficante
colombiano Jorge Rincón Ordonez, apontado como responsável pelas finanças do grupo liderado pelo também colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía. Abadía foi preso no Brasil
em agosto de 2007 e extraditado para os EUA um ano depois,
onde era considerado um dos
maiores traficantes do mundo.
Rincón veio ao Brasil, segundo a PF, para finalizar a compra
de um avião turbo-hélice Gulfstream, avaliado em US$ 1,1 milhão (R$ 2,5 milhões), que seria
usado para levar cocaína para
os EUA ou para o México.
O avião, de 18 lugares, teve
seus bancos retirados, numa
reforma concluída nesta semana, e voaria até domingo para o
Panamá. Lá, de acordo a PF, o
avião receberia uma carga de
cocaína. Além de ficar sem os
bancos, o avião ganhou um tanque extra de combustível para
ter mais autonomia de voo.
Rincón era procurado por
tráfico de cocaína nos EUA
-onde uma tonelada pode valer no atacado de US$ 30 milhões (R$ 67,5 milhões) a US$
80 milhões (R$ 180,5 milhões),
dependendo do grau de pureza,
segundo o DEA (polícia antidrogas dos EUA).
O avião foi apreendido, assim
como cinco veículos e US$ 12
mil (R$ 27 mil) em notas. Na investigação, os policiais encontraram seis contas na Europa,
cujos saldos somam US$ 500
milhões (cerca de R$ 1,13 bilhão). A PF pede o bloqueio de
valor por meio do Ministério da
Justiça. As contas estão na Holanda, Alemanha e Itália.
"Há fortes indícios de que essas contas pertençam a Abadía", disse o delegado Ricardo
Saadi, que coordenou a chamada Operação Aquário (era essa
palavra que Abadía usava para
designar os lugares onde escondia dinheiro). A polícia norte-americana estima que Abadía
juntou uma fortuna de US$ 1,8
bilhão (R$ 4,1 bilhões).
Na semana passada, na investigação sobre Daniel Dantas, o mesmo delegado conseguiu com que a Justiça de três
países (EUA, Reino Unido e
Suíça) bloqueasse US$ 2 bilhões (R$ 4,5 bilhões).
Além de Rincón, foram presas oito pessoas, entre as quais
dois pilotos de avião e um morador de São Paulo que cuidou
da compra do avião. Três pessoas estão foragidas, diz a PF.
Dos 12 que tiveram a prisão decretada, há seis brasileiros, cinco colombianos e um alemão.
A PF diz ter encontrado Rincón ao investigar onde estariam os US$ 35 milhões (R$
78,8 milhões) que Abadía ofereceu à Justiça brasileira em
dezembro de 2007 para que seu
processo fosse extinto. Ao notar que seria extraditado de
qualquer forma do Brasil, por
pressão dos EUA, Abadía retirou a oferta. O juiz Fausto Martin de Sanctis determinou então que a PF abrisse um inquérito para encontrar o dinheiro.
Segundo o delegado, são
"muito fortes" os indícios de
que Rincón deu continuidade
aos negócios de Abadía. Até ser
preso, Abadía era apontado como o líder do cartel do Vale do
Norte, o mais poderoso da Colômbia depois do desmantelamento do cartel de Cali.
O dinheiro para a compra do
avião entrou legalmente no
Brasil, de acordo com Saadi.
Veio como investimento estrangeiro em empresa de exportação. Empresas de fachada
também eram usadas para movimentar recursos no Brasil.
As contas na Europa foram
abertas em nome de pessoas
inexistentes ou empresas de fachada, diz a PF. Essas duas características -e os indícios de
que receberam dinheiro do tráfico- devem facilitar o bloqueio, na avaliação de Saadi.
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