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Blocos superam crise, atraem turistas e lotam ruas do Rio
Há 52 anos, reportagem da Folha da Manhã apontava decadência dos blocos
Após movimento nascer tímido na zona sul, atualmente há mais de 400 blocos de rua na cidade; desfiles começam hoje
CAIO JOBIM
DA SUCURSAL DO RIO
Na edição de 5 de março de
1957, reportagem da Folha da
Manhã -um dos jornais que
originaram esta Folha- afirmava: "Carnaval de rua do Rio
está decadente". Há 52 anos,
relatava "blocos vazios e muitos cariocas fora da cidade".
Pois é hora de uma nova manchete: o Carnaval de rua do Rio
está em ascensão. Os blocos,
que começam a desfilar hoje,
estão superlotados, não só por
cariocas, mas também por turistas que escolhem o Rio como
destino para o Carnaval.
A festa começa com os blocos
que iniciaram a revitalização
do Carnaval de rua a partir dos
anos 80. Precursores do movimento que nasceu tímido na
zona sul e ganhou a cidade, os
desfiles de hoje envolvem a
Banda de Ipanema, o Nem Muda Nem Sai de Cima e Imprensa que Eu Gamo, entre outros.
O Simpatia é Quase Amor e o
Suvaco de Cristo, dois dos que
mais arrastam multidão, dão a
largada para a folia na semana
que vem. O que pode parecer
uma antecipação do calendário
carnavalesco, na verdade foi
uma "necessidade".
"O Carnaval de rua do Rio andou morno até mais ou menos
o início de 2000. Até então, os
blocos saíam antes do Carnaval
propriamente dito, como o Suvaco e o Simpatia, porque os organizadores desses blocos passavam o Carnaval em Recife",
diz João Cavalcanti, do grupo
de samba Casuarina, que desde
1988, ainda na infância, sai no
Suvaco de Cristo. Há dois anos
ele é um dos compositores do
samba-enredo do bloco.
"Nos primeiros desfiles, havia meia dúzia de gatos pingados em volta do carro de som",
lembra Cavalcanti. "Hoje, o Suvaco junta 60 mil pessoas". Não
cresceu apenas o número de foliões, mas também o de blocos.
A Riotur calcula que existam
hoje, no Rio, mais de 400.
Na esteira deste crescimento, dois estreantes chamam
atenção neste ano. O primeiro é
o A Coisa Tá Preta, capitaneado
por Preta Gil e com hino composto por Carlinhos Brown,
que sai em Ipanema. O outro é
o Sapucapeto, idealizado pela
estilista Isabela Capeto e pelo
produtor e compositor Leandro Sapucahy. A ideia surgiu
em um desfile de Capeto na
Claro Rio Summer, em 2008,
em que ela convidou Sapucahy
para fazer uma roda de samba.
Acabou virando um bloco.
Criado em 1997 a partir de
um grupo ligado às manifestações musicais das festas populares brasileiras, o Cordão do
Boitatá trouxe de volta a tradição das marchinhas com foliões fantasiados na Praça 15.
Com um instrumental de metais, percussão, violão, cavaquinho e acordeom, musicalmente
é um dos melhores do Rio.
Já o Monobloco e a Bangalafumenga adaptaram estilos tão
variados quanto o rock, o funk,
a música nordestina e a MPB ao
ritmo de uma bateria de escola
de samba. Sob o comando do
compositor Rodrigo Maranhão, o Banga desfila à margem
do Jardim Botânico.
Não há restrições de gênero
ou estilo. O Rio Maracatu, por
exemplo, traz um pouco de
Pernambuco para a praia de
Ipanema. E nas ladeiras de
Santa Teresa acontece o desfile
mais peculiar. Com integrantes
de vários países da América do
Sul, o Songoro Cosongo promove o seu "Carnaval psicotropical" ao som de ritmos latinos.
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