São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2000


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POLÊMICA
Para a Liga das Escolas de Samba, o prefeito do Rio teme que o Carnaval de São Paulo desbanque o carioca
Paulistas rebatem críticas de Conde

ADRIANA SOUZA SILVA
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

Dor de cotovelo e medo de que o turista troque o samba da Marquês de Sapucaí pelo o do Anhembi. Para os presidentes das escolas de samba de São Paulo, só isso explicaria o fato de o prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), ter chamado o Carnaval paulista de "rodeio chatíssimo".
"Ninguém chuta cachorro morto. Se ele chutou nosso Carnaval é porque estamos incomodando", diz o presidente da escola Nenê da Vila Matilde, Alberto Alves da Silva, o Betinho.
O presidente da Gaviões da Fiel, José Claudio de Almeida Moraes, disse que a prova do crescimento das escolas paulistas está na adesão de carnavalescos do Rio ao desfile de São Paulo.
Na Gaviões, por exemplo, o carnavalesco Jorge de Freitas veio da carioca Vila Isabel. O mesmo ocorreu na Acadêmicos do Tucuruvi, que "importou" o puxador de samba e o mestre de bateria.
Para o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Sidnei Carriolo, o prefeito do Rio não deveria perder tempo com esses comentários. "O Conde deveria se preocupar mais com a segurança e a sinalização na cidade dele."
Até o prefeito Celso Pitta (PTN), de Paris, esquentou a polêmica entre cariocas e paulistas. Ouvido pelo secretário de Comunicação, Antenor Braido, Pitta mandou dizer que "São Paulo já superou o Rio em número de turistas e agora o Carnaval paulista começa a desbancar o carioca. Daí a dor-de-cotovelo do Conde".
Segundo Braido, a prefeitura investiu R$ 13 milhões no Carnaval deste ano, contra R$ 7 milhões no ano passado. "E aqui nós não temos bicheiros", disse, fazendo referência à ajuda que as escolas cariocas recebem do jogo do bicho.
No Rio, a prefeitura carioca deu R$ 7 milhões este ano para as 14 escolas do Grupo Especial.
A crise de ciúmes da Prefeitura do Rio também é motivada, segundo os organizadores do Carnaval paulista, pela decisão da Rede Globo de dar a mesma atenção às duas cidades.
Pela primeira vez, o Grupo Especial paulista teve dois dias de desfiles, transmitidos integralmente pela Globo.
Como os desfiles do Rio, os de São Paulo foram vendidos pela emissora para 53 países.
Este ano, o Anhembi ganhou um espaço reservado para o turista com recepcionistas poliglotas. "Todos os 2.300 lugares foram vendidos", diz o presidente da Anhembi Turismo e Eventos, Américo Calandriello.
Outro item que os paulistas consideram importante: a Kaiser, pela primeira vez, patrocinou as transmissões das duas cidades.

Apuração
A apuração dos campeões do Carnaval paulista acontece hoje a partir das 9h no setor 4 do sambódromo, com entrada franca. Serão consideradas as duas melhores notas (são três jurados) de cada um dos dez quesitos avaliados.
Não haverá critérios para o desempate. Assim, se mais uma escola atingir a pontuação mais alta o título de campeã será dividido.


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