São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2000


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TRIBO IMPROVISADA
Pataxós de Coroa Vermelha integraram blocos; agência disfarçou baianos
Salvador importa índios para comemorar o descobrimento

DANIELA FALCÃO
enviada especial a Salvador

Cocar, apito, pintura nos rostos e saiões com fios de palha. Mais do que caravelas ou trajes de navegadores portugueses, os índios foram os principais homenageados nas comemorações dos 500 anos de descobrimento pelos blocos de trio no Carnaval baiano.
Alguns importaram índios de verdade, como o Apaches do Tororó, que trouxe 200 índios pataxós de Coroa Vermelha (Porto Seguro) para abrir o desfile do bloco no Campo Grande.
O Apaches, que tem o cantor Carlinhos Brown como padrinho, é um dos poucos "blocos de índio" remanescentes no Carnaval baiano. Seus integrantes se vestem como índios norte-americanos e a música abusa de percussão e sopro.
Quem não conseguiu trazer exemplares legítimos, improvisou. A Prefeitura de Salvador contratou uma agência de publicidade para selecionar cem baianos com biótipo indígena (moreno, de cabelo preto e liso) e algum talento para dança.
Os selecionados receberam R$ 70 para integrar a ala de índios do Bloco dos 500 anos -iniciativa oficial para celebrar o descobrimento, que juntou na noite de anteontem estrelas como Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil e o trio de Armandinho, Dodô e Osmar.
Como nem todos os escolhidos tinham o biótipo ideal, o jeito foi continuar improvisando. Adolescentes de cabelos cacheados disfarçaram o volume das madeixas com tranças. Quem não era moreno o suficiente, aproveitou o sol do verão baiano para chegar à cor ideal.
"Um amigo me disse que estavam fazendo seleção para escolher jovens com jeito de índio e que soubessem dançar. Achei que não seria escolhida porque havia muita gente se inscrevendo. Mas acabei dando sorte", conta a professora de dança Claudia Araújo, morena, mas de cabelos cacheados.

Raoni
A Timbalada também usou falsos índios como comissão de frente do bloco no primeiro dia de desfile. Cerca de 20 timbaleiros-dançarinos colocaram saiões de fios de palha para puxar o bloco pelas ruas da Barra na sexta à tarde.
O cacique Raoni deveria ter sido a principal atração do trio do cantor Edu Casanova. Mas problemas de saúde da mulher de Raoni impediram que ele participasse das comemorações. Seria a segunda vez que ele participaria do Carnaval baiano.
Além de índios -falsos e verdadeiros- no chão, em cima dos trios o cocar foi o adereço mais usado pelas estrelas da axé music. Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Gal Costa e Armandinho saíram com penas coloridas na cabeça, entre outros adereços.
Carlinhos Brown, como sempre considerado o mais radical, também adotou a saia com fios vermelhos para completar a indumentária tribal.
Outra que usou cocar foi Daniela Mercury. Só que canudinhos coloridos ocuparam o lugar das penas para combinar com o visual tecno do trio da cantora na noite de sábado, quando saiu pela Barra acompanhada do DJ Mau Mau.


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