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ELITE
Áreas privativas reúnem famosos longe da multidão; foliões reclamam de aperto
Camarotes sofisticam festa e tiram espaço do folião na Bahia
JOSÉLIA AGUIAR
enviada especial a Salvador
O Carnaval baiano, conhecido
por arrastar multidões nas ruas,
está subindo para os camarotes.
A privatização dos quilômetros
da folia se intensificou neste ano,
provocando críticas de foliões-pipoca, que tornaram a festa baiana
famosa pela participação popular.
Os foliões-pipoca, que vão atrás
de trios elétricos ou simplesmente
assistem à festa sem bloco definido, reclamam que os camarotes
ocuparam muito espaço e que por
isso têm de se espremer nos trechos mais nobres da festa.
A primeira licitação para a construção de camarotes no circuito
Dodô (Barra a Ondina) ocorreu
em 97, quando foram construídos
30 no Farol da Barra. No ano passado, não houve camarotes públicos na Barra-Ondina, por falta de
empresas interessadas.
Desta vez, o número de camarotes licenciados pela Prefeitura de
Salvador pulou para 240 nos dois
circuitos.
Nos camarotes públicos, o espaço para 12 pessoas custou em média R$ 2.500.
Além deles, há os chamados camarotes vips, erguidos em áreas
privadas. Eles se tornaram uma
atração à parte.
A cantora Daniela Mercury foi a
primeira a montar o dela, há cinco
anos, na Barra. No ano passado, o
cantor Gilberto Gil e a mulher,
Flora, instalaram espaço próprio
no mesmo bairro.
Os camarotes de Daniela Mercury e o de Gilberto Gil vêm travando uma verdadeira disputa
por famosos. O camarote de Gil
reuniu na madrugada de ontem
os principais nomes da MPB, como Caetano Veloso, Gal Costa e
Milton Nascimento.
O rei da Suécia, Gustavo, e a
mulher, a rainha Silvia, que é brasileira, acompanharam o Carnaval no domingo à noite do camarote de Daniela Mercury.
A Emtursa, órgão oficial de turismo de Salvador, decidiu cancelar os camarotes públicos no circuito Barra-Ondina no próximo
Carnaval.
Eliana Dumet, presidente da
Emtursa, diz que, com o crescimento dos camarotes privados,
será preciso suspender os erguidos nas áreas públicas para garantir espaço aos foliões na avenida.
"Os blocos e os artistas são importantes para a festa, mas não há
Carnaval sem o povo", afirma.
A explosão dos camarotes descontentou também empresários
dos blocos de trios.
Os donos dos blocos se uniram
para reivindicar 20% de participação na receita dos camarotes.
Colaborou Daniela Falcão, enviada especial
a Salvador
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