São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2000


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ELITE
Áreas privativas reúnem famosos longe da multidão; foliões reclamam de aperto
Camarotes sofisticam festa e tiram espaço do folião na Bahia

JOSÉLIA AGUIAR
enviada especial a Salvador

O Carnaval baiano, conhecido por arrastar multidões nas ruas, está subindo para os camarotes.
A privatização dos quilômetros da folia se intensificou neste ano, provocando críticas de foliões-pipoca, que tornaram a festa baiana famosa pela participação popular.
Os foliões-pipoca, que vão atrás de trios elétricos ou simplesmente assistem à festa sem bloco definido, reclamam que os camarotes ocuparam muito espaço e que por isso têm de se espremer nos trechos mais nobres da festa.
A primeira licitação para a construção de camarotes no circuito Dodô (Barra a Ondina) ocorreu em 97, quando foram construídos 30 no Farol da Barra. No ano passado, não houve camarotes públicos na Barra-Ondina, por falta de empresas interessadas.
Desta vez, o número de camarotes licenciados pela Prefeitura de Salvador pulou para 240 nos dois circuitos.
Nos camarotes públicos, o espaço para 12 pessoas custou em média R$ 2.500.
Além deles, há os chamados camarotes vips, erguidos em áreas privadas. Eles se tornaram uma atração à parte.
A cantora Daniela Mercury foi a primeira a montar o dela, há cinco anos, na Barra. No ano passado, o cantor Gilberto Gil e a mulher, Flora, instalaram espaço próprio no mesmo bairro.
Os camarotes de Daniela Mercury e o de Gilberto Gil vêm travando uma verdadeira disputa por famosos. O camarote de Gil reuniu na madrugada de ontem os principais nomes da MPB, como Caetano Veloso, Gal Costa e Milton Nascimento.
O rei da Suécia, Gustavo, e a mulher, a rainha Silvia, que é brasileira, acompanharam o Carnaval no domingo à noite do camarote de Daniela Mercury.
A Emtursa, órgão oficial de turismo de Salvador, decidiu cancelar os camarotes públicos no circuito Barra-Ondina no próximo Carnaval.
Eliana Dumet, presidente da Emtursa, diz que, com o crescimento dos camarotes privados, será preciso suspender os erguidos nas áreas públicas para garantir espaço aos foliões na avenida.
"Os blocos e os artistas são importantes para a festa, mas não há Carnaval sem o povo", afirma.
A explosão dos camarotes descontentou também empresários dos blocos de trios.
Os donos dos blocos se uniram para reivindicar 20% de participação na receita dos camarotes.


Colaborou Daniela Falcão, enviada especial a Salvador

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