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VIOLÊNCIA
Segundo a polícia, José Edson da Silva confessou ter dado ordem a L., 17, para assassinar prefeito de Santo André
Adolescente diz ter matado Celso Daniel
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
José Edson da Silva, 27, mandou
atirar e o adolescente L.S.N., 17,
fez sete disparos contra o prefeito
de Santo André Celso Daniel
(PT). Com a confissão dos dois, a
polícia afirma ter esclarecido ontem as circunstâncias do assassinato do prefeito.
Segundo as investigações, Daniel foi capturado por acaso e
morto quando os sequestradores
descobriram que ele era prefeito.
Silva e o adolescente afirmaram,
de acordo com o Deic (Departamento de Investigações sobre o
Crime Organizado), terem retirado Daniel do cativeiro na madrugada do dia 20 de janeiro.
Daniel foi colocado no porta-malas de um Tempra preto, de
propriedade de Silva. Quando
chegaram a uma estrada deserta,
em Juquitiba (Grande São Paulo),
Silva teria parado o veículo, retirado o prefeito do porta-malas e
mandado que L. o matasse.
Foram um tiro na nuca, dois nas
costas e mais quatro no rosto e no
tórax. O adolescente usou a pistola 9 milímetros de Silva.
Na Bahia, onde foi preso, Silva
dissera que L. havia agido por
conta própria. Ontem, porém, admitiu que mandou o adolescente
atirar, mas falou que a ordem de
dar um "sumiço" em Daniel partira de Ivan Rodrigues da Silva, o
Monstro, suposto líder do grupo.
"Na gíria deles, sumir significa
eliminar alguém", disse o delegado Edson Santi, do Deic.
Itamar Messias dos Santos e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, presos pela Polícia
Federal, afirmaram que Silva desobedecera uma ordem do Monstro para soltar o prefeito.
L. foi preso às 5h de ontem, em
sua casa, no bairro Rio Pequeno
(zona oeste de SP). Os policiais do
Deic só chegaram ao adolescente
por causa de Silva, que estava preso desde 28 de fevereiro em Vitória da Conquista (BA) e foi trazido
anteontem para São Paulo. Foi
Silva que disse que o adolescente,
identificado inicialmente como
"Alex", seria o autor dos disparos.
A partir da orientação de Silva e
de L., a polícia encontrou ontem o
local usado como cativeiro de Daniel. O prefeito ficou da madrugada do dia 19 à madrugada do dia
20 em uma pequena chácara na
estrada do Vargedo, no km 312,5
da rodovia Régis Bittencourt, entre os municípios de Juquitiba e
São Lourenço da Serra.
A chácara não tem água nem
luz. Silva pagou R$ 450 por um
período de 15 dias.
Nenhum objeto pertencente ao
prefeito foi encontrado no local
ontem. A polícia ainda não conseguiu identificar os dois homens
que teriam vigiado o prefeito no
cativeiro. Segundo Silva, Daniel
permaneceu calado quando estava em poder dos sequestradores e
não disse que era prefeito.
De acordo com Santi, Silva errou se planejava diminuir sua pena mandando o adolescente atirar. "Isso não ameniza a situação
dos demais. Todos vão responder
pelo sequestro seguido de morte",
disse o delegado.
"Pouco importa quem deu os tiros. É bobagem achar que, porque
foi um menor, os outros não serão
punidos", afirmou o secretário da
Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho.
L. entrou no caso por causa da
cumplicidade com Silva, com o
qual já praticou outros crimes. O
adolescente estava na casa de Silva, em Capão Redondo (zona
sul), no dia 19 de janeiro, quando
este apareceu falando que precisava de L. para fazer um "serviço".
Os dois saíram da casa de Silva
às 23h e foram para o cativeiro.
Lá, o adolescente disse que pegou
Daniel, que estava sentado no
quarto com um capuz na cabeça,
e o colocou no carro. L. afirmou
que soube que tinha matado um
prefeito pela televisão.
Silva falou que enterrara a arma
do crime em sua casa, mas que
Monstro passou pelo local depois
do crime e levou a pistola.
Silva e o adolescente já tinham
feito várias crimes juntos. L. confessou ontem ter participado da
morte de um travesti, na região do
Butantã, em novembro do ano
passado. No sequestro relâmpago, o travesti foi assassinado com
três tiros porque disse que não tinha dinheiro para dar à dupla.
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