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ENCHENTES
Em reunião com parlamentares, prefeita afirma que, sem recursos adicionais, problema só será resolvido em 26 anos
Marta pede ajuda a deputados em Brasília
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A prefeita Marta Suplicy (PT)
reuniu-se ontem com parlamentares da bancada paulista, na Câmara dos Deputados, para apresentar um diagnóstico dos problemas estruturais e financeiros
das enchentes em São Paulo e demonstrou que, sem recursos adicionais, serão necessários 26 anos
para dar fim a essa situação.
Marta pediu aos deputados
paulistas que pressionassem o governo federal a liberar R$ 70 milhões (R$ 40 milhões para o governo do Estado e R$ 30 milhões
para a prefeitura) para obras antienchentes na cidade. Esse valor
foi subscrito pela bancada paulista no Orçamento deste ano, mas,
até agora, nada foi liberado.
"São Paulo é a cidade que mais
contribui com a arrecadação de
impostos para o país e não podemos ser tratados como uma cidadezinha do interior", disse.
A prefeita, que estava acompanhada do secretário de Infra-Estrutura, Roberto Luiz Bortolotto,
afirmou que apenas para obras de
curto prazo seriam necessários R$
455 milhões. A médio prazo, mais
R$ 1,432 bilhão, além das intervenções que já estão sendo feitas.
No total, a prefeitura precisaria
de R$ 2,63 bilhões para aplicação
em obras e outros R$ 1,2 bilhão
para investimentos em habitação,
que seriam usados principalmente na transferência de famílias que
moram em áreas de risco.
Como gasta por ano R$ 148 milhões em obras contra enchentes,
isso significa que o problema só
estaria resolvido daqui a 26 anos.
Marta propôs a criação de uma
"força-tarefa" para tentar obter
recursos para obras contra enchentes. "Vamos unir deputados
de todos os partidos, até porque
neste ano tem eleição e eu vou dividir a conta com vocês."
"A cidade tem sido prejudicada,
e não só durante o meu governo",
disse. Marta voltou a pedir apoio
dos deputados na renegociação
da dívida da cidade com a União.
Atualmente, diz ela, São Paulo paga, mensalmente, R$ 80 milhões
desse débito, o que equivale a cerca de 13% de sua arrecadação.
Em 2001, Marta propôs ao presidente Fernando Henrique Cardoso uma renegociação pela qual
não seriam incluídos os gastos
com educação e saúde. O governo, porém, ainda não respondeu
se aceita ou não a sugestão.
Marta também disse que organismos internacionais como o
Banco Mundial (Bird) já se prontificaram a fazer empréstimos para a prefeitura, mas, por conta da
Lei de Responsabilidade Fiscal, a
cidade está impedida de obtê-los.
O deputado federal Paulo Kobayashi (PSDB-SP), coordenador da
bancada paulista, sugeriu que fosse marcada uma audiência entre
os deputados, a prefeita e o ministro do Planejamento, Martus Tavares, para cobrar a liberação dos
R$ 70 milhões. Essa reunião deverá ocorrer entre 19 e 20 deste mês.
Segundo o deputado Arnaldo
Faria de Sá (PTB-SP), a solução
seria aprovar uma resolução na
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovando
o empréstimo. Para o deputado
João Paulo Cunha (PT-SP), "a
bancada tem de pressionar a área
econômica do governo".
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