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Proposta é alternativa à presença de tropas nas ruas; hoje, Lula deve decidir até quando as Forças Armadas continuarão no Estado
Governo quer "missão de inteligência" no Rio
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estuda a criação de
uma missão de inteligência formada pela Polícia Federal e pelo
Exército como medida alternativa
à presença de tropas federais nas
ruas do Rio de Janeiro. A proposta foi entregue ontem ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, por seu colega Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Enquanto o governo não encontra um formato final para as
ações, as Forças Armadas ficarão
mais tempo patrulhando as ruas.
Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve decidir até quando
as tropas continuarão no Estado.
Ao Exército caberia, no futuro
formato da missão, o monitoramento das fronteiras no país, para
evitar a entrada de drogas e armas, e a atuação na inteligência.
A missão terá dois objetivos:
desbaratar as quadrilhas de traficantes de drogas e interromper o
fluxo de lavagem de dinheiro do
narcotráfico. Segundo a avaliação
do ministério, o "nó" da segurança do Rio está no mau funcionamento das polícias estaduais.
Pelo raciocínio de Bastos, se as
polícias do Rio operassem de modo satisfatório, a situação não teria chegado ao ponto em que está.
A proposta do ministro é parecida com a força-tarefa criada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para combate ao crime em 2002. Para o governo Lula,
a força-tarefa teria falhado pela
participação das polícias Civil e
Militar do Rio.
O atual governo prefere uma
atuação mais próxima à missão
especial do Espírito Santo, em que
as polícias estaduais não atuam. A
missão do Rio deve ter auxílio do
Ministério Público Federal e da
Justiça Federal do Estado.
Uma das principais cobranças
do governo federal é a modernização das polícias. O programa de
governo do PT na área de segurança pública prevê mais treinamento de policiais e reforço das
corregedorias.
Na avaliação do governo federal, o plano encontra resistência
na governadora Rosinha Matheus
(PSB) justamente nesse ponto.
Um dos temas que mais têm encontrado resistência, segundo
participantes das conversas, é a
investigação de corrupção nas
forças policiais e demissão de servidores com eventual ligação com
o crime organizado.
O governo federal tem apresentado propostas e metas, mas Rosinha não responde sobre o assunto. Em um momento de maior
tensão, segundo a Folha apurou,
Dirceu conversou de modo ríspido com a governadora, afirmando que a responsabilidade constitucional pela área de segurança
pública é dos Estados.
Segundo sua assessoria, Rosinha manteve conversas sobre a
transferência do traficante Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e o envio de tropas do Exército para patrulhar as
ruas do Rio durante o Carnaval.
Operação Guanabara
O reforço do policiamento nas
ruas do Rio que estava sendo feito
por militares das Forças Armadas
durante o Carnaval caiu para cerca da metade ontem. Cerca de
1.500 militares nas ruas integraram ontem a chamada Operação
Guanabara. O Comando Militar
do Leste evitou falar em números,
por considerar a informação como sigilosa, mas informou a porcentagem da redução do efetivo:
cerca de 50%.
Anteontem, o coronel Ivan Cosme, porta-voz do Comando Militar do Leste, havia dito que cerca
de 3.000 homens participaram
das ações no Carnaval. Antes dele,
Rosinha já havia mencionado que
o requerimento feito a Lula pedia
esse número. Segundo Cosme, os
pontos considerados mais críticos
continuaram sendo policiados.
Colaborou SABRINA PETRY, da Sucursal
do Rio
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