São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Kassab diz que trânsito não tem solução de curto prazo

Declaração ocorreu no dia em que SP teve novo trânsito recorde pela manhã

A origem do problema do trânsito na cidade, disse o prefeito, é a falta de investimento da prefeitura no metrô nos últimos 32 anos

RICARDO SANGIOVANNI
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse ontem que o trânsito de São Paulo não terá solução de curto prazo, mas que é um problema "a ser enfrentado com transparência".
A declaração foi dada no dia em que a cidade registrou pela quinta vez em dez dias o maior congestionamento do período da manhã desde julho -165 km às 9h- e um dia após a Folha revelar que marronzinhos trabalham nas ruas sem equipamento de comunicação com a central da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Para informar a CET sobre as ocorrências, eles ligam a cobrar do próprio celular ou de orelhões.
A CET atribuiu o trânsito de ontem a acidentes em locais importantes -houve dez, sem mortes, em vias como as marginais Pinheiros e Tietê, a Radial Leste e a av. Paulista.
A marca anterior da manhã era de 155 km, às 9h30 de terça-feira, quando 21 bairros ficaram sem energia e os semáforos ficaram apagados em grandes avenidas da capital.
A origem do problema do trânsito em São Paulo, disse Kassab, é a falta de investimento da prefeitura no metrô nos últimos 32 anos. "Mas não adianta chorar sobre o leite derramado", disse, sem apresentar propostas imediatas.
Ao contrário do prefeito, especialistas indicam soluções de curto prazo. "O pedágio urbano poderia ser implementado em três ou quatro meses", diz o arquiteto e consultor de trânsito Flamínio Fichmann. "Quando há disputa excessiva pelo espaço, a solução é cobrar caro."
Fichmann também defende uma ostensiva fiscalização, tal como o engenheiro Jaime Waisman, da USP. "Um terço da frota é irregular. Fiscalizar não resolve o problema, mas arrecada dinheiro para investir em transporte público."
A inspeção de veículos pesados começa em maio. Automóveis e outros veículos leves só serão fiscalizados em 2009.
O engenheiro sugere ainda a proibição de caminhões que fazem carga e descarga no centro, entre as 6h e as 23h.
Os dois especialistas defendem uma política de cobrança pelo estacionamento no centro da cidade. "Hoje, sai mais barato usar o carro do que o transporte público", diz Fichmann.
Ontem, apesar do recorde do trânsito, São Paulo teve um dos índices de lentidão mais baixos em relação às quintas-feiras dos últimos 12 meses -23 km, às 13h. O índice seguiu abaixo da média até o fim do dia.
A queda abrupta intrigou especialistas. "Pode estar havendo mudanças nos hábitos dos motoristas", diz o engenheiro.
A redução, diz Waisman, "pode significar que as pessoas estão deixando de ir almoçar em casa". "Mas é cedo para tirar conclusões", observa.
Uma possível explicação para as sucessivas altas pela manhã, disse, pode ser o fato de as pessoas estarem antecipando a saída de casa, justamente para evitar engarrafamentos.


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