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Kassab diz que trânsito não tem solução de curto prazo
Declaração ocorreu no dia em que SP teve novo trânsito recorde pela manhã
A origem do problema do trânsito na cidade, disse o prefeito, é a falta de investimento da prefeitura no metrô nos últimos 32 anos
RICARDO SANGIOVANNI
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) disse ontem que o trânsito de São Paulo não terá solução de curto prazo, mas que é
um problema "a ser enfrentado
com transparência".
A declaração foi dada no dia
em que a cidade registrou pela
quinta vez em dez dias o maior
congestionamento do período
da manhã desde julho -165 km
às 9h- e um dia após a Folha
revelar que marronzinhos trabalham nas ruas sem equipamento de comunicação com a
central da CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego). Para
informar a CET sobre as ocorrências, eles ligam a cobrar do
próprio celular ou de orelhões.
A CET atribuiu o trânsito de
ontem a acidentes em locais
importantes -houve dez, sem
mortes, em vias como as marginais Pinheiros e Tietê, a Radial
Leste e a av. Paulista.
A marca anterior da manhã
era de 155 km, às 9h30 de terça-feira, quando 21 bairros ficaram sem energia e os semáforos ficaram apagados em
grandes avenidas da capital.
A origem do problema do
trânsito em São Paulo, disse
Kassab, é a falta de investimento da prefeitura no metrô nos
últimos 32 anos. "Mas não
adianta chorar sobre o leite
derramado", disse, sem apresentar propostas imediatas.
Ao contrário do prefeito, especialistas indicam soluções de
curto prazo. "O pedágio urbano
poderia ser implementado em
três ou quatro meses", diz o arquiteto e consultor de trânsito
Flamínio Fichmann. "Quando
há disputa excessiva pelo espaço, a solução é cobrar caro."
Fichmann também defende
uma ostensiva fiscalização, tal
como o engenheiro Jaime
Waisman, da USP. "Um terço
da frota é irregular. Fiscalizar
não resolve o problema, mas
arrecada dinheiro para investir
em transporte público."
A inspeção de veículos pesados começa em maio. Automóveis e outros veículos leves só
serão fiscalizados em 2009.
O engenheiro sugere ainda a
proibição de caminhões que fazem carga e descarga no centro, entre as 6h e as 23h.
Os dois especialistas defendem uma política de cobrança
pelo estacionamento no centro
da cidade. "Hoje, sai mais barato usar o carro do que o transporte público", diz Fichmann.
Ontem, apesar do recorde do
trânsito, São Paulo teve um dos
índices de lentidão mais baixos
em relação às quintas-feiras
dos últimos 12 meses -23 km,
às 13h. O índice seguiu abaixo
da média até o fim do dia.
A queda abrupta intrigou especialistas. "Pode estar havendo mudanças nos hábitos dos
motoristas", diz o engenheiro.
A redução, diz Waisman,
"pode significar que as pessoas
estão deixando de ir almoçar
em casa". "Mas é cedo para tirar conclusões", observa.
Uma possível explicação para as sucessivas altas pela manhã, disse, pode ser o fato de as
pessoas estarem antecipando a
saída de casa, justamente para
evitar engarrafamentos.
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