São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Suíço é preso suspeito de matar o filho brasileiro

A mãe, brasileira, quer processar comuna, pois diz que avisou o conselho tutelar de que o ex-marido já havia ficado preso por ter tentado matar outro filho

Florian Gisler morreu no último dia 26 após ser achado inconsciente em um quarto de hotel em Winterthur, na Suíça, ao lado do pai

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Um contador suíço está preso em Kloten (Suíça) sob suspeita de matar o filho brasileiro de quatro anos. A mãe do menino, chamado Florian Gisler, quer processar a comuna onde vive (Bonstetten) por ter ignorado alertas sobre o acusado.
Segundo disse à Folha o advogado da mãe do menino -a brasileira Marciana Guimarães Rosário, 35-, o conselho tutelar de Bonstetten havia sido alertado mais de uma vez de que Gustav Gisler, 60, cumprira pena de oito anos na prisão por ter tentado matar seu filho mais velho, Reto, em 1990.
O rapaz é fruto de uma relação anterior do suíço e tinha então 13 anos. "O próprio filho dele, Reto, foi à comuna contar o que o pai fez a ele e dizer que eles tinham de tirar dele a guarda de Florian", disse o advogado Burkard J. Wolf.
Segundo ele, Marciana só teve conhecimento da tentativa de homicídio ao conhecer Reto, quando já estava separada de Gisler. O jovem perdeu o movimento das pernas após ser golpeado, jogado em um barranco e sofrer hipotermia por passar a noite ao léu.
"Ela tinha muito medo. Mas não quiseram ouvi-la", disse o advogado. "Agora, ela quer processar a comuna. Vamos analisar. Ela não quer se vingar, apenas que isso não se repita."
Segundo a imprensa suíça, o governo do cantão de Zurique pediu uma investigação para saber se houve negligência do conselho tutelar. O tabloide "Blick" afirma que Gustav Gisler confessou o assassinato.
Florian morreu no último dia 26 após ser achado inconsciente em um quarto de hotel em Winterthur (norte), ao lado do pai, que parece ter tentado suicídio. Ambos foram levados a um hospital por funcionários do estabelecimento, mas o menino não resistiu. A suspeita é que o garoto foi asfixiado.
"Marciana ficou chocada, não conseguia falar nada. Agora é que ela está começando a melhorar, depois de ter recebido ajuda psicológica no consulado do Brasil", disse Wolf.
A reportagem não conseguiu contatar o consulado ontem. Segundo Wolf, Marciana e Gisler viveram juntos por quatro anos e estavam separados desde 2008. Os dois disputavam a guarda da criança, e ela queria voltar ao Brasil com o filho -a hipótese investigada é que essa seja a razão da morte.
A Justiça suíça entregara a guarda ao pai por ele ter um trabalho estável, mas reavaliava a situação após o depoimento de Reto. No entanto, após um breve período com uma família adotiva vizinha a Gisler, a tutela foi devolvida ao suspeito.
O advogado disse que, apesar do passado violento, o contador tratava bem Florian. "Ele gostava muito do menino. Mas o risco era grande demais."
Marciana chegou à Suíça por volta de 2003 e, segundo o advogado, começou a trabalhar como prostituta. Após conhecer Gisler, os dois foram para a Espanha, onde viveram por quase dois anos. Florian nasceu em Valência em 2005.
A família voltou para a Suíça, e, desde a separação, há dois anos, Marciana passou a trabalhar como faxineira.


Texto Anterior: Extradição: De volta ao Brasil, Hosmany é levado para presídio em SP
Próximo Texto: Guarulhos: Acidente deixa quatro mortos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.