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Suíço é preso suspeito de matar o filho brasileiro
A mãe, brasileira, quer processar comuna, pois diz que avisou o conselho tutelar de que o ex-marido já havia ficado preso por ter tentado matar outro filho
Florian Gisler morreu no último dia 26 após ser achado inconsciente em um quarto de hotel em Winterthur,
na Suíça, ao lado do pai
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Um contador suíço está preso em Kloten (Suíça) sob suspeita de matar o filho brasileiro
de quatro anos. A mãe do menino, chamado Florian Gisler,
quer processar a comuna onde
vive (Bonstetten) por ter ignorado alertas sobre o acusado.
Segundo disse à Folha o advogado da mãe do menino -a
brasileira Marciana Guimarães
Rosário, 35-, o conselho tutelar de Bonstetten havia sido
alertado mais de uma vez de
que Gustav Gisler, 60, cumprira pena de oito anos na prisão
por ter tentado matar seu filho
mais velho, Reto, em 1990.
O rapaz é fruto de uma relação anterior do suíço e tinha
então 13 anos. "O próprio filho
dele, Reto, foi à comuna contar
o que o pai fez a ele e dizer que
eles tinham de tirar dele a
guarda de Florian", disse o advogado Burkard J. Wolf.
Segundo ele, Marciana só teve conhecimento da tentativa
de homicídio ao conhecer Reto,
quando já estava separada de
Gisler. O jovem perdeu o movimento das pernas após ser golpeado, jogado em um barranco
e sofrer hipotermia por passar
a noite ao léu.
"Ela tinha muito medo. Mas
não quiseram ouvi-la", disse o
advogado. "Agora, ela quer processar a comuna. Vamos analisar. Ela não quer se vingar, apenas que isso não se repita."
Segundo a imprensa suíça, o
governo do cantão de Zurique
pediu uma investigação para
saber se houve negligência do
conselho tutelar. O tabloide
"Blick" afirma que Gustav Gisler confessou o assassinato.
Florian morreu no último
dia 26 após ser achado inconsciente em um quarto de hotel
em Winterthur (norte), ao lado
do pai, que parece ter tentado
suicídio. Ambos foram levados
a um hospital por funcionários
do estabelecimento, mas o menino não resistiu. A suspeita é
que o garoto foi asfixiado.
"Marciana ficou chocada,
não conseguia falar nada. Agora é que ela está começando a
melhorar, depois de ter recebido ajuda psicológica no consulado do Brasil", disse Wolf.
A reportagem não conseguiu
contatar o consulado ontem.
Segundo Wolf, Marciana e Gisler viveram juntos por quatro
anos e estavam separados desde 2008. Os dois disputavam a
guarda da criança, e ela queria
voltar ao Brasil com o filho -a
hipótese investigada é que essa
seja a razão da morte.
A Justiça suíça entregara a
guarda ao pai por ele ter um
trabalho estável, mas reavaliava a situação após o depoimento de Reto. No entanto, após
um breve período com uma família adotiva vizinha a Gisler, a
tutela foi devolvida ao suspeito.
O advogado disse que, apesar
do passado violento, o contador tratava bem Florian. "Ele
gostava muito do menino. Mas
o risco era grande demais."
Marciana chegou à Suíça por
volta de 2003 e, segundo o advogado, começou a trabalhar
como prostituta. Após conhecer Gisler, os dois foram para a
Espanha, onde viveram por
quase dois anos. Florian nasceu em Valência em 2005.
A família voltou para a Suíça,
e, desde a separação, há dois
anos, Marciana passou a trabalhar como faxineira.
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