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Fita de vídeo ainda gera desconfiança
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local
Quem sabia da existência da fita
de vídeo que detonou a atual crise
na Polícia Militar? A pergunta continua criando desconfianças na
cúpula da Segurança Pública de
São Paulo.
O comandante-geral da PM, coronel Claudionor Lisboa, foi o último a ouvi-la, do secretário da Segurança Pública, José Afonso da
Silva. A resposta, exigida por escrito, foi dada no último sábado.
Lisboa negou, ao escrever a nota,
ter conhecimento da fita antes da
segunda-feira, 31 de março, quando a TV Globo procurou a secretaria querendo um comentário.
Para o secretário, a resposta não
é novidade. José Afonso da Silva já
havia ouvido, da boca do coronel,
os mesmos argumentos. O que fez
a desconfiança que paira na PM
rondar de novo a cabeça de Lisboa
foram declarações suas levadas
aos jornais.
Na quinta-feira, Lisboa disse em
entrevista na Secretaria da Segurança Pública: ``Recebi uma informação sobre a existência da fita.
Eu desconhecia até aquele momento a profundidade dos fatos,
mas já tinha conhecimento de que
havia a fita.''
Continuou: ``Eu sabia, por
exemplo, que o fato teria acontecido quando o Gol onde estava Josino havia, em tese, furado um bloqueio montado pela Polícia Militar
e a vítima foi morta por um policial não-identificado.''
Os repórteres quiseram saber
mais e o coronel se contradisse.
``Nós não sabíamos da existência
da fita. Sabíamos que, quanto ao
Gol, poderia haver uma fita.''
Ao ler as declarações de Lisboa, o
secretário ligou imediatamente
para o comandante. Pediu uma
manifestação por escrito.
Na resposta dada sábado, Lisboa
afirma ter tido conhecimento da
fita por volta das 19h do dia 31 de
março, quando um jornalista da
TV Globo ``fez contato com a assessoria da PM e solicitou uma entrevista''. ``Tais fitas mostrariam
cenas da evasão de um veículo Gol
de um bloqueio montado por policiais militares e os policiais reagindo a bala'', escreveu Lisboa.
O secretário da Segurança, segundo sua assessoria de imprensa,
não comentou a resposta dada por
Lisboa.
A importância do conhecimento
da fita está no fato de que nem o
governador Mário Covas nem o
secretário da Segurança sabiam
que circulava entre os meios policiais o vídeo comprometedor.
Na segunda-feira, Covas foi surpreendido por um telefonema da
Globo, que havia obtido a fita e pedia explicações. Solicitou-as ao secretário, que tampouco sabia de fita alguma.
Lisboa foi acionado. Disse que se
tratava de um caso de violência de
Diadema. Segundo ele, um repórter que o procurara havia dado as
informações de que dispunha.
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