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Órgãos querem circulação restrita à faixa dos autos
DA REPORTAGEM LOCAL
Diante da preocupação
com as mortes no trânsito
envolvendo as motocicletas,
especialistas e órgãos públicos, incluindo a CET (Companhia de Engenharia de
Tráfego) de São Paulo,
apontam como principal
medida para minimizar esses riscos a obrigatoriedade
de elas circularem nas mesmas faixas dos automóveis.
A versão inicial do Código
de Trânsito Brasileiro, que
está em vigor desde janeiro
de 1998, impedia as motos
de circular nos corredores
laterais entre os carros. Esse
artigo acabou vetado.
Hoje há pressão para que a
regra seja reintroduzida.
Luis Antonio Seraphim, assessor da presidência da
CET, chegou a enviar um relatório ao Departamento
Nacional de Trânsito com
argumentos técnicos que
justificariam a proibição.
Eduardo Alcântara Vasconcellos, diretor-executivo-adjunto da ANTP, cita
duas sugestões para melhorar a segurança no trânsito:
uma identificação clara do
condutor de moto, grudada
na roupa ou por meio de
uma placa maior, que não
seja escondida pelas mãos; e
a regulação do serviço de
motofrete, para reduzir a
pressão sobre a produtividade e a velocidade excessiva
dos motoboys, que costumam ganhar por entrega.
A OMS reforça especialmente a importância do uso
do capacete.
Reversão de tendência
Vasconcellos avalia que a
difusão das motos pode reverter parte da tendência de
queda das mortes no trânsito verificada no país desde a
implantação do código, mas
afirma que "haverá um limite para essa expansão".
"A limitação se dará pelo
desenvolvimento da economia e pelas características
das motos. No primeiro caso, se a renda crescer bastante, a maioria das pessoas pode preferir os carros. No segundo caso, a moto tem limitações para adultos e idosos, não tem proteção contra
chuva e vento e não permite
um transporte adequado de
cargas e de outras pessoas."
A venda de motos deve ultrapassar a de carros nos
próximos anos, mas os fabricantes dos dois segmentos não se vêem como concorrentes -sob a alegação
de que seus clientes têm perfis muito diferentes.
O presidente da Abram
(Associação Brasileira de
Motociclistas), Lucas Pimentel, 35, discorda dos que
querem que as motos circulem nas faixas dos carros.
Alega que a maioria dos acidentes ocorre em cruzamentos, não em corredores, exceto no caso dos atropelamentos -cuja culpa, para
ele, é dos pedestres que atravessam fora da faixa.
Seraphim vê na expansão
das motos um retrato da exclusão social e da falta de
oportunidades dos jovens.
"É uma das poucas atividades em que há emprego em
abundância. Sempre há vaga
para quem tem moto e está
disposto a se arriscar."
(AI)
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