São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2004

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Órgãos querem circulação restrita à faixa dos autos

DA REPORTAGEM LOCAL

Diante da preocupação com as mortes no trânsito envolvendo as motocicletas, especialistas e órgãos públicos, incluindo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo, apontam como principal medida para minimizar esses riscos a obrigatoriedade de elas circularem nas mesmas faixas dos automóveis.
A versão inicial do Código de Trânsito Brasileiro, que está em vigor desde janeiro de 1998, impedia as motos de circular nos corredores laterais entre os carros. Esse artigo acabou vetado.
Hoje há pressão para que a regra seja reintroduzida. Luis Antonio Seraphim, assessor da presidência da CET, chegou a enviar um relatório ao Departamento Nacional de Trânsito com argumentos técnicos que justificariam a proibição.
Eduardo Alcântara Vasconcellos, diretor-executivo-adjunto da ANTP, cita duas sugestões para melhorar a segurança no trânsito: uma identificação clara do condutor de moto, grudada na roupa ou por meio de uma placa maior, que não seja escondida pelas mãos; e a regulação do serviço de motofrete, para reduzir a pressão sobre a produtividade e a velocidade excessiva dos motoboys, que costumam ganhar por entrega.
A OMS reforça especialmente a importância do uso do capacete.

Reversão de tendência
Vasconcellos avalia que a difusão das motos pode reverter parte da tendência de queda das mortes no trânsito verificada no país desde a implantação do código, mas afirma que "haverá um limite para essa expansão".
"A limitação se dará pelo desenvolvimento da economia e pelas características das motos. No primeiro caso, se a renda crescer bastante, a maioria das pessoas pode preferir os carros. No segundo caso, a moto tem limitações para adultos e idosos, não tem proteção contra chuva e vento e não permite um transporte adequado de cargas e de outras pessoas."
A venda de motos deve ultrapassar a de carros nos próximos anos, mas os fabricantes dos dois segmentos não se vêem como concorrentes -sob a alegação de que seus clientes têm perfis muito diferentes.
O presidente da Abram (Associação Brasileira de Motociclistas), Lucas Pimentel, 35, discorda dos que querem que as motos circulem nas faixas dos carros. Alega que a maioria dos acidentes ocorre em cruzamentos, não em corredores, exceto no caso dos atropelamentos -cuja culpa, para ele, é dos pedestres que atravessam fora da faixa.
Seraphim vê na expansão das motos um retrato da exclusão social e da falta de oportunidades dos jovens. "É uma das poucas atividades em que há emprego em abundância. Sempre há vaga para quem tem moto e está disposto a se arriscar." (AI)


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