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AMBIENTE
A comparação refere-se a 2002, quando choveu pouco e menos esgoto foi para o mar; sobre 2001, índice melhorou
Qualidade das praias de SP piora em 2003
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO VICENTE
Os índices de balneabilidade de
todas as praias paulistas pioraram
no ano passado em relação a 2002,
ano em que, devido à escassez de
chuvas, as águas litorâneas do Estado apresentaram a melhor qualidade desde 2000.
A conclusão aparece no relatório anual "Qualidade das Águas
Litorâneas do Estado de São Paulo", divulgado ontem em São Vicente (SP) pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Segundo o relatório, 48% das
praias paulistas permaneceram
próprias para banho no ano passado, isto é, receberam classificação ótima ou boa durante os 12
meses de 2003. Nas demais (52%),
ocorreu durante o ano pelo menos um episódio de impropriedade (classificação regular ou má).
O relatório se baseia nos dados do
monitoramento realizado semanalmente pela agência ambiental
em 148 pontos de 128 praias.
Em comparação com 2002, o índice favorável recuou 21 pontos
percentuais -naquele ano, 69%
das praias se mantiveram próprias de janeiro a dezembro.
Comparando os dados com 2001,
quando o índice de praias próprias foi de 43%, os resultados de
2003 não indicam retrocesso.
"Durante os últimos 35 anos,
não houve pior estiagem que a de
2002, um ano totalmente atípico.
Por isso consideramos que ocorreu uma melhora significativa,
sim, de 43% para 48% [de 2001 a
2003]", afirmou o diretor-presidente da Cetesb, Rubens Lara.
O ano de 2002 foi considerado
"atípico" em razão da falta de
chuvas -quanto mais chove,
mais esgoto é arrastado para o
mar. Em 2003, as chuvas no litoral
retornaram à média histórica.
Segundo a gerente do Setor de
Águas Litorâneas da Cetesb, a
bióloga Claudia Condé Lamparelli, o comportamento das praias é
influenciado basicamente pela
combinação de chuvas e freqüência de banhistas.
Com turistas em excesso, a produção de esgoto se multiplica, e a
chuva arrasta para o mar esse material, por meio dos canais de
águas pluviais, para onde escoam
por falta de rede coletora ou em
razão de ligações clandestinas.
"Cinco por cento da população
de São Paulo vive à beira-mar e
60% moram a 100 km das praias.
Com os meios de acesso que se
tem hoje, as pessoas descem para
o litoral com muita facilidade",
disse o diretor de Engenharia,
Tecnologia e Qualidade Ambiental da Cetesb, Lineu José Bassoi.
Segundo o relatório, o município onde a qualidade das águas
mais piorou no ano passado foi
Ilhabela. Em 2002, a cidade manteve 91% das suas praias próprias
para banho; em 2003, só 18%.
Para Claudia Lamparelli, o motivo é o reduzido volume de coleta
de esgoto na cidade -inferior a
3%, o menor índice do litoral-
associado ao acelerado crescimento populacional e à ocupação
irregular de áreas de morros.
Caraguatatuba teve as praias
menos afetadas no quadro geral
de piora da balneabilidade no Estado. Tinha 53% das praias classificadas como permanentemente
próprias em 2002 e passou a ter
47% em 2003. Segundo Lamparelli, o desempenho é motivado por
obras de coleta de esgoto realizadas pela prefeitura e pela Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico de São Paulo).
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