São Paulo, domingo, 07 de maio de 2000


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SAÚDE
Instituições ganham contribuição financeira da comunidade, além dos repasses de SUS e prefeituras
Hospitais recebem apoio da população

ELIANE SILVA
da Agência Folha,

em São José do Rio Preto
Dois hospitais públicos da região norte de São Paulo recebem ajuda da financeira da população local, além dos repasses das prefeituras e do SUS (Sistema Único de Saúde).
Os dois hospitais são os únicos de suas cidades e, segundo os diretores, não têm dívidas.
A Santa Casa de Valparaíso (cidade de 17.731 habitantes que fica a 580 km a noroeste de São Paulo) se mantém com a contribuição de 2.000 moradores. Eles pagam de R$ 1 a R$ 20 mensalmente para ajudar a instituição.
O valor é definido pelo colaborador e vem descontado na conta de água.

Receita extra
Em média, essas contribuições resultam para a Santa Casa em receita de R$ 5.000, que é acrescida de R$ 13 mil repassados pela prefeitura e de mais R$ 23 mil do SUS.
A Associação Casa de Saúde Beneficente de Indiaporã (595 km a noroeste de São Paulo) tem 600 associados que pagam de R$ 10 a R$ 25 por mês.
Essa contribuição garante uma receita extra de R$ 12 mil para os cofres da instituição.
O pagamento é feito via carnê. Aqueles que não têm condições de dar uma quantia em dinheiro podem contribuir com doação de alimentos.
A Prefeitura de Indiaporã paga R$ 15 mil e o SUS completa a receita com mais R$ 6.000.
O acordo com os associados foi a condição para reabrir o hospital em janeiro deste ano, quatro anos após seu fechamento.
A Casa de Saúde foi inaugurada há 25 anos pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo) para servir aos funcionários que construíam a Hidrelétrica de Água Vermelha.
Após a obra, o prédio e os equipamentos foram doados à prefeitura da cidade.

Campanha
"Fizemos uma campanha de casa em casa para convencer a população a ajudar o hospital. Conseguimos a adesão de um terço dos moradores", diz Oberdan Pereira de Campos, diretor da Santa Casa de Valparaíso.
A Santa Casa tem hoje 45 leitos, atende cerca de 2.100 pacientes por mês e realiza por volta de 120 internações.
"Uma cidade de 4.000 habitantes (4.431, segundo o IBGE) não consegue manter um hospital aberto sem a associação entre o poder público e a população", afirma Colman Silva Martins, diretor da Casa de Saúde de Indiaporã. O hospital tem 45 leitos, atende 1.100 consultas por mês e faz 38 internações.
A dona-de-casa Etelinda Pereira da Cunha, de Valparaíso, paga R$ 2 por mês para a Santa Casa e acha justo colaborar todo o mês com o hospital.
"Os hospitais públicos estão pobres, e o nosso é de tirar o chapéu. Até a minha nora de Araçatuba veio para cá ter meu neto", diz Etelinda.
Dirce Milan também paga R$ 2 e elogiou o atendimento recebido quando precisou fazer uma operação de hérnia.
Osvaldino Pereira, servidor aposentado, também é sócio da Casa de Saúde de Indiaporã. Ele diz que colabora mensalmente com R$ 20.
"Acho que todos devem ajudar para manter o nosso hospital sempre funcionando em bom estado", afirma Pereira.
A promotora de Justiça do município de Valparaíso, Regiane Topassi, diz que não vê irregularidade nenhuma no auxílio prestado pela população a um hospital público, desde que a colaboração da população seja totalmente voluntária.
A promotoria, no entanto, vai analisar como está sendo feito o repasse das contas de água para a Santa Casa.


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