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SAÚDE
Instituições ganham contribuição financeira da comunidade, além dos repasses de SUS e prefeituras
Hospitais recebem apoio da população
ELIANE SILVA
da Agência Folha,
em São José do Rio Preto
Dois hospitais públicos da região norte de São Paulo recebem
ajuda da financeira da população
local, além dos repasses das prefeituras e do SUS (Sistema Único
de Saúde).
Os dois hospitais são os únicos
de suas cidades e, segundo os diretores, não têm dívidas.
A Santa Casa de Valparaíso (cidade de 17.731 habitantes que fica
a 580 km a noroeste de São Paulo)
se mantém com a contribuição de
2.000 moradores. Eles pagam de
R$ 1 a R$ 20 mensalmente para
ajudar a instituição.
O valor é definido pelo colaborador e vem descontado na conta
de água.
Receita extra
Em média, essas contribuições
resultam para a Santa Casa em receita de R$ 5.000, que é acrescida
de R$ 13 mil repassados pela prefeitura e de mais R$ 23 mil do
SUS.
A Associação Casa de Saúde Beneficente de Indiaporã (595 km a
noroeste de São Paulo) tem 600
associados que pagam de R$ 10 a
R$ 25 por mês.
Essa contribuição garante uma
receita extra de R$ 12 mil para os
cofres da instituição.
O pagamento é feito via carnê.
Aqueles que não têm condições
de dar uma quantia em dinheiro
podem contribuir com doação de
alimentos.
A Prefeitura de Indiaporã paga
R$ 15 mil e o SUS completa a receita com mais R$ 6.000.
O acordo com os associados foi
a condição para reabrir o hospital
em janeiro deste ano, quatro anos
após seu fechamento.
A Casa de Saúde foi inaugurada
há 25 anos pela Cesp (Companhia
Energética de São Paulo) para servir aos funcionários que construíam a Hidrelétrica de Água
Vermelha.
Após a obra, o prédio e os equipamentos foram doados à prefeitura da cidade.
Campanha
"Fizemos uma campanha de casa em casa para convencer a população a ajudar o hospital. Conseguimos a adesão de um terço
dos moradores", diz Oberdan Pereira de Campos, diretor da Santa
Casa de Valparaíso.
A Santa Casa tem hoje 45 leitos,
atende cerca de 2.100 pacientes
por mês e realiza por volta de 120
internações.
"Uma cidade de 4.000 habitantes (4.431, segundo o IBGE) não
consegue manter um hospital
aberto sem a associação entre o
poder público e a população",
afirma Colman Silva Martins, diretor da Casa de Saúde de Indiaporã. O hospital tem 45 leitos,
atende 1.100 consultas por mês e
faz 38 internações.
A dona-de-casa Etelinda Pereira da Cunha, de Valparaíso, paga
R$ 2 por mês para a Santa Casa e
acha justo colaborar todo o mês
com o hospital.
"Os hospitais públicos estão pobres, e o nosso é de tirar o chapéu.
Até a minha nora de Araçatuba
veio para cá ter meu neto", diz
Etelinda.
Dirce Milan também paga R$ 2
e elogiou o atendimento recebido
quando precisou fazer uma operação de hérnia.
Osvaldino Pereira, servidor
aposentado, também é sócio da
Casa de Saúde de Indiaporã. Ele
diz que colabora mensalmente
com R$ 20.
"Acho que todos devem ajudar
para manter o nosso hospital
sempre funcionando em bom estado", afirma Pereira.
A promotora de Justiça do município de Valparaíso, Regiane
Topassi, diz que não vê irregularidade nenhuma no auxílio prestado pela população a um hospital
público, desde que a colaboração
da população seja totalmente voluntária.
A promotoria, no entanto, vai
analisar como está sendo feito o
repasse das contas de água para a
Santa Casa.
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