São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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Laudo incrimina PM em morte de rapaz

CAROL FREDERICO
DAS REGIONAIS

Um laudo do IML (Instituto Médico Legal) encaminhado à Polícia Civil de São José dos Campos (91 km de SP) aponta que o tiro que matou o adolescente Orlando Paulo Onório da Conceição, 17, no dia 27 de abril, em São José dos Campos, foi disparado de uma arma que estava dentro de sua boca.
O resultado do exame indica que Conceição foi morto intencionalmente pelo policial Edson Demézio da Silva, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), da Polícia Militar de São Paulo, durante uma operação.
De acordo com Vernei Antônio Freitas, delegado titular do 3º Distrito Policial, que preside o inquérito sobre a morte do adolescente, a exumação do corpo da vítima foi solicitada à Justiça e deveria ter sido feita entre o fim da tarde de ontem e a manhã de hoje. Os resultados devem confirmar o laudo do IML.
"Saber se o tiro foi disparado em contato com a boca, próximo à boca ou dentro da boca são detalhes importantes para saber se o caso é ou não uma execução", diz Freitas, que acrescenta ainda que o laudo descarta a existência de lesões externas.
Na última quarta-feira, o delegado ouviu duas testemunhas do caso. Uma delas, que teria visto tudo, afirma que o adolescente foi espancado pela polícia antes de morrer. O laudo e a exumação do corpo, portanto, funcionam como uma prova material do crime.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, Silva está afastado da função e sob custódia do Programa de Acompanhamento e Apoio da PM.
Na versão do policial, o disparo que atingiu o menor na boca foi acidental. Silva teria apontado a arma para o adolescente para rendê-lo, mas se assustou com um gesto brusco do menor.
Após o crime, o policial chegou a ser preso e indiciado por homicídio culposo (cometido sem intenção de matar), mas foi liberado mediante o pagamento de uma fiança de R$ 500.
O policial alegou que a prisão de Conceição foi feita por porte de drogas, ao ser abordado com oito papelotes com crack.
A Polícia Civil, no entanto, não acredita na hipótese. "Dificilmente ele portava algum tipo de droga", diz o delegado Freitas.

Outro lado
A Secretaria de Segurança Pública disse, por meio da assessoria de comunicação da Polícia Militar, que, além do inquérito instaurado pela Polícia Civil, há um outro, instaurado pela própria PM, para apurar em quais condições ocorreu a ação.
A Rota e a PM não se pronunciarão enquanto as investigações não terminarem.


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