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Laudo incrimina PM em morte de rapaz
CAROL FREDERICO
DAS REGIONAIS
Um laudo do IML (Instituto
Médico Legal) encaminhado à
Polícia Civil de São José dos Campos (91 km de SP) aponta que o tiro que matou o adolescente Orlando Paulo Onório da Conceição, 17, no dia 27 de abril, em São
José dos Campos, foi disparado
de uma arma que estava dentro
de sua boca.
O resultado do exame indica
que Conceição foi morto intencionalmente pelo policial Edson
Demézio da Silva, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar),
da Polícia Militar de São Paulo,
durante uma operação.
De acordo com Vernei Antônio
Freitas, delegado titular do 3º Distrito Policial, que preside o inquérito sobre a morte do adolescente,
a exumação do corpo da vítima
foi solicitada à Justiça e deveria ter
sido feita entre o fim da tarde de
ontem e a manhã de hoje. Os resultados devem confirmar o laudo do IML.
"Saber se o tiro foi disparado em
contato com a boca, próximo à
boca ou dentro da boca são detalhes importantes para saber se o
caso é ou não uma execução", diz
Freitas, que acrescenta ainda que
o laudo descarta a existência de lesões externas.
Na última quarta-feira, o delegado ouviu duas testemunhas do
caso. Uma delas, que teria visto
tudo, afirma que o adolescente foi
espancado pela polícia antes de
morrer. O laudo e a exumação do
corpo, portanto, funcionam como uma prova material do crime.
De acordo com a Secretaria de
Estado da Segurança Pública, Silva está afastado da função e sob
custódia do Programa de Acompanhamento e Apoio da PM.
Na versão do policial, o disparo
que atingiu o menor na boca foi
acidental. Silva teria apontado a
arma para o adolescente para rendê-lo, mas se assustou com um
gesto brusco do menor.
Após o crime, o policial chegou
a ser preso e indiciado por homicídio culposo (cometido sem intenção de matar), mas foi liberado
mediante o pagamento de uma
fiança de R$ 500.
O policial alegou que a prisão de
Conceição foi feita por porte de
drogas, ao ser abordado com oito
papelotes com crack.
A Polícia Civil, no entanto, não
acredita na hipótese. "Dificilmente ele portava algum tipo de droga", diz o delegado Freitas.
Outro lado
A Secretaria de Segurança Pública disse, por meio da assessoria
de comunicação da Polícia Militar, que, além do inquérito instaurado pela Polícia Civil, há um outro, instaurado pela própria PM,
para apurar em quais condições
ocorreu a ação.
A Rota e a PM não se pronunciarão enquanto as investigações
não terminarem.
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