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Metrô vai investigar contratos feitos com a multinacional Alstom
Decisão foi tomada após reportagem publicada no "Valor" apontar que a empresa é investigada por pagamento de propina no Brasil
Policiais suíços teriam dito a colegas brasileiros suspeitar que US$ 6,8 mi foram pagos como propina pela Alstom para obter contrato do Metrô
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O Metrô de São Paulo decidiu
ontem investigar os contratos
firmados com a empresa Alstom entre 1995 e 2003, após reportagem publicada pelo jornal
"Valor" sobre a investigação,
aberta na França e na Suíça, para apurar indícios de que a multinacional pagava propina para
obter contratos no Brasil.
Segundo o diário, que reproduz reportagem do "The Wall
Street Journal", policiais suíços, em contato com colegas
brasileiros, disseram suspeitar
que US$ 6,8 milhões foram pagos como propina pela Alstom
para ganhar um contrato de
US$ 45 milhões com o Metrô.
Por meio da assessoria de imprensa, a Divisão de Combate a
Crimes Financeiros da Polícia
Federal, em Brasília, informou
que não foi procurada por representantes de polícias da
França ou da Suíça para tratar
de casos envolvendo a Alstom.
O Ministério Público de Paris
abriu um inquérito em novembro de 2007 motivado por uma
denúncia da Justiça da Suíça.
Em 2004, autoridades suíças
descobriram documentos que
provavam que 20 milhões
destinados a companhias offshore ligadas à Alstom na Suíça
e em Liechtenstein passaram
pelo Tempus Privatbank AG,
um pequeno banco suíço de investimentos, antes de serem
transferidos para contas no
Brasil, na Venezuela, na Indonésia e em Cingapura.
O escritório de auditoria e
consultoria financeira e tributária KPMG, responsável por
auditar as contas do Tempus,
concluiu que a operação bancária em questão era destinada a
financiar atos de corrupção.
Além dessa suspeita, um intermediário de um político
brasileiro, não identificado na
reportagem, teria pedido comissão de 7,5% da Alstom para
facilitar que a empresa firmasse contratos com o Metrô.
O suposto caso de corrupção
teria ocorrido nas gestões do
governador Mário Covas, que
assumiu em 1995, e do ex-governador Geraldo Alckmin,
que deixou o cargo em 2006,
ambos do PSDB.
Em nota oficial, a companhia
afirmou que vai averiguar todos os contratos do período,
mas não informou o montante
dos contratos em vigor. Já a
Alstom nega que tenha por
prática pagar propinas.
A Alstom faz parte do consórcio das empreiteiras OAS,
Queiroz Galvão e CBPO-que,
em 2004, assinou contrato de
R$ 1,8 bilhão com o Metrô para
o primeiro trecho da linha 4.
Em setembro do ano passado, o TCE (Tribunal de Contas
do Estado) condenou um contrato firmado em março de
1994 pelo Metrô e a multinacional, no valor aproximado de
US$ 50 milhões, por conta da
inclusão de itens não previstos
no edital e da prorrogação por
nove anos, através de aditivos.
Em outubro de 2007, a Folha revelou que o Metrô vai
gastar R$ 70 milhões a mais na
aquisição de 16 trens por ter retomado um contrato de 1992,
herdado pela Alstom.
A informação de que o preço
seria menor, caso houvesse nova licitação, é da própria multinacional. O valor total é de R$
500 milhões. O Metrô negou
haver prejuízo. O caso está no
Tribunal de Contas do Estado.
Ainda segundo o "The Wall
Street", as autoridades obtiveram documentos que indicavam que a empresa havia reservado US$ 200 milhões para pagar comissões para fornecer
equipamentos de US$ 1,4 bilhão para a hidrelétrica de Itá,
na região Sul do país.
A Eletrosul e a Tractebel, por
meio de suas assessorias de imprensa, informaram não ter tido vínculos com o processo.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, CINTIA CARDOSO e DIMITRI DO VALLE)
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