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Três moradores de rua são mortos a tiros em Vitória
Prefeitura da cidade vê crimes como ato de "limpeza social" praticado por pessoas insatisfeitas com a presença das vítimas
Ao todo, seis moradores de rua dormiam no local no momento em que ocorreu o ataque; um casal e um homem conseguiram fugir
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
Três moradores de rua foram
mortos a tiros em Vitória na
madrugada de anteontem. Para
a prefeitura da capital capixaba
e para a Polícia Civil, os crimes
podem ter sido um ato de "limpeza social" praticado por pessoas insatisfeitas com a presença das vítimas.
Segundo a Polícia Civil, os
moradores de rua foram atacados enquanto dormiam sob a
marquise de um prédio comercial no bairro Horto. O bairro é
sobretudo residencial, mas há
várias lojas na rua onde ocorreu o crime.
Foram mortos os mendigos
Ercílio Novaes, 64, e João Alves
Filho, 48, ex-técnico de enfermagem, e um catador de recicláveis identificado apenas como Adilson. Alves Filho chegou
a acordar durante o ataque,
mas foi atingido por quatro tiros e morreu no local.
Ao todo, seis moradores de
rua dormiam no local no momento do crime -um casal e
outro homem conseguiram fugir. Ao menos uma testemunha
teria presenciado o crime.
A Polícia Civil suspeita que
apenas uma pessoa tenha atirado contra os homens. O delegado Orly Fraga Filho, responsável pelo caso, disse, por meio de
assessoria, que a principal linha
de investigação é que os moradores de rua tenham sido mortos porque supostamente incomodavam moradores e comerciantes da região.
Para a Secretaria da Assistência Social de Vitória, a hipótese mais provável para o crime
é a de "limpeza social" e "higienização das ruas". A secretária
Ana Maria Petronetto disse
que a pasta já havia recebido
denúncia sobre "risco de morte" dos moradores de rua.
"Já havia indícios de que essas pessoas poderiam morrer
no local. Uma denúncia anônima dizia que as pessoas estariam correndo risco se permanecessem lá. Deixaram um recado para ter cuidado com violência na região", afirmou.
O prefeito João Coser (PT)
disse na noite de ontem que
não podia "especular" sobre as
razões do crime e que a polícia
está apurando o caso.
"Registramos isso [hipótese
de "limpeza social'] como uma
preocupação da cidade. Como
cidadão e cristão é inadmissível
que isso possa estar ocorrendo
em Vitória", afirmou.
Ana Maria Petronetto afirmou que vai acompanhar as investigações da Polícia Civil.
"Estamos acionando o Conselho Municipal de Direitos
Humanos porque trata-se de
uma violação dos direitos humanos", disse.
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