São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2008

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Há 2 anos, diretor da empresa no país foi preso por suspeita de participar de golpes

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um diretor da área de energia da Alstom no Brasil, o engenheiro Osvaldo Panzarini, foi preso há dois anos pela Polícia Federal sob suspeita de participar de um esquema de golpes contra as maiores companhias hidrelétricas do país -Itaipu Binacional, Furnas, Eletronorte e Eletrosul.
O golpe era complexo. Um ex-funcionário de Itaipu, Laércio Pedroso, dizia a empresas que vendiam produtos ou prestavam serviços a hidrelétricas que elas tinham direito a receber valores que essas companhias não reconheciam -seriam restos a pagar corrigidos. Pedroso dizia ter meios de fazer a empresa pagar.
O diretor da Alstom foi flagrado em conversas telefônicas combinando um golpe contra a Itaipu Binacional, mas o caso não deve ter maiores implicações criminais.
A Polícia Federal concluiu no inquérito da chamada Operação Castores que não houve prejuízo para Itaipu porque o golpe não foi concretizado -a ação da PF ocorreu durante a preparação.
A apuração foi solicitada pela própria Itaipu Binacional. O ex-funcionário de Itaipu conhecia detalhadamente a contabilidade da companhia porque tinha um sobrinho que trabalhava na PriceWaterhouse, empresa que fazia auditorias nas contas da hidrelétrica, segundo apurou a PF.

Eletronorte
A Alstom aparece em outra ponta da investigação da Operação Castores, sobre a Eletronorte. Um assessor do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), José Roberto Paquier, foi apanhado numa conversa telefônica com um funcionário da Alstom, na qual ele pede dinheiro para liberar um pagamento da Eletronorte para a empresa francesa. Raupp demitiu Paquier. Segundo a PF, não havia indícios da participação de Raupp na cobrança de propina.
Telefonemas gravados e documentos apreendidos pela PF com o então assessor do senador trazem indícios de que a Alstom pagou propina para receber por turbinas que vendera para a Eletronorte. Essa investigação ainda não foi concluída pela polícia.
A Alstom não quis comentar as investigações -a assessoria da empresa disse que não há novidades. A Folha não conseguiu localizar o ex-assessor de Raupp. A assessoria do senador informou que não tem mais contatos com Paquier.


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