São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2011

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Brasileira não consegue trazer filhos da Alemanha

Ela diz que os levou para visitar o pai e que a Justiça local os impediu de voltar

Jacy Raduan-Berger foi acusada pelo ex-marido de tentar fugir com os meninos; a Folha não conseguiu localizá-lo

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

A advogada brasileira Jacy Raduan-Berger, 31, tenta há um ano e meio repatriar da Alemanha os dois filhos que teve com o advogado alemão Georg Peter Josef Berger.
Uma ordem da Justiça alemã, porém, mantém os meninos -o maior de cinco anos, o menor de quase três- naquele país, sob a guarda do pai. "Há uma clara tentativa de fazer com que eles percam os laços com o Brasil. Luto contra isso hoje", diz ela.
Jacy foi à Alemanha em 2006 para um mestrado em direito civil. Em Baden-Baden, conheceu o alemão, com quem se casou e teve os filhos. Assim como a mãe, eles têm dupla nacionalidade.
Devido à condição de vida difícil em Baden-Baden, Jacy e Georg, que não exerce sua profissão, decidiram, no fim de 2008, vir para o Brasil.
No primeiro semestre de 2009, Georg buscou emprego em São Paulo, mas desistiu em junho, quando voltou sozinho para a Alemanha.
Jacy passou a cuidar dos dois filhos com a ajuda de seus familiares, que lhe deram uma casa na zona oeste da cidade, carro e um emprego no escritório de advocacia da família. Ela entrou então com uma ação de separação.
No início de 2010, de acordo com Jacy, Georg a convenceu a levar os filhos para visitá-lo. Sempre segundo ela, ele firmara acordo no consulado brasileiro em Munique dizendo saber que as crianças voltariam logo ao Brasil.
Poucos dias após a chegada à Alemanha, a advogada foi surpreendida pelo que descreve com "armação". Na Justiça alemã, Georg a acusou de querer fugir com as crianças e conseguiu obrigá-la a entregar os passaportes dos filhos para apreensão.
Desde então, Jacy, que voltou para Baden-Baden, vive com a ajuda financeira do governo alemão e mantém uma disputa pelos filhos com o ex-marido. "Mas há um certo preconceito com o fato de eu ser brasileira. Nada do que peço à Justiça é atendido."
Num primeiro momento, a Justiça ordenou que a guarda dos meninos seria dividida. Depois, que ficasse com o pai. Com isso, Jacy passou a ter apenas o direito de ficar com os meninos três horas semanais. Eles podem dormir no apartamento da mãe uma noite por semana.
Hoje, a advogada recebe apoio do consulado. O processo está parado porque há um pedido de repatriação das crianças na Autoridade Central da Alemanha.

OUTRO LADO
A reportagem não conseguiu localizar Georg Berger. Desde terça passada, a Folha telefonou diariamente para a casa dele, em Baden-Baden, mas ninguém atendeu.
No processo, em que representa a si próprio, ele sustenta que, na Alemanha, tem melhores condições que a mãe de sustentar os filhos.


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