São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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UNIVERSIDADE

Particular já paga o mesmo que federal

Média salarial de um professor brasileiro é metade da de um norte-americano FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

As faculdades e universidades particulares já estão pagando salários, em média, iguais aos do sistema federal de ensino superior e pesquisa -cujos professores estão em greve há dois meses e meio.
Em 1997, a média salarial no setor privado de ensino superior foi de R$ 2.269,38, de acordo com um estudo produzido pela Folha, com dados do Ministério do Trabalho. Pelos dados do MEC (Ministério da Educação), o salário médio nas universidades federais está em R$ 2.253,33.
Essa semelhança deverá ser revertida com o reajuste que está sendo negociado pelo MEC e os professores e reitores das federais.
Mas, mesmo com o aumento, o país não chegará nem perto de investir nos professores e pesquisadores brasileiros o mesmo que vem sendo pago pelos Estados Unidos -considerado hoje um modelo internacional nessa área.
Lá, a média salarial mensal entre as instituições públicas de ensino superior é de R$ 4.947,13 -pelo câmbio paralelo e dividindo o salário anual por 13, que é uma forma de levar em conta o 13º salário pago no Brasil.
As comparações internacionais de salários, no entanto, são perigosas, já que os tipos de contratos de trabalho variam enormemente e o próprio custo de vida tem componentes diferentes.
Mesmo assim, esses indicadores vêm preocupando -com diferentes ênfases e interpretações- todos os que estão ligados ao sistema público de ensino superior.
O conjunto dessas instituições é responsável pela produção de 90% da ciência e tecnologia brasileira. Metade disso vem das universidades federais. Só que os baixos salários têm produzido uma migração, especialmente de pessoas mais qualificadas, do setor público para o particular -que, com raras exceções, oferece ensino, mas não desenvolve pesquisa.
"As condições de trabalho estão muito melhores (no setor particular). Você tem condições de crescer, coisa que na universidade pública está difícil", diz Maurício Buffa, 34, que saiu da Universidade Federal de São Carlos para ganhar "mais que o dobro" na Universidade de Franca, onde coordena o curso de comunicação.
Ou seja, o que está sendo enfraquecido com a diminuição gradativa dos salários -há três anos e cinco meses as universidades federais não têm aumento- é o próprio desenvolvimento científico e tecnológico do país.


Colaborou José Roberto de Toledo, da Reportagem Local




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