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UNIVERSIDADES 2
Não há qualquer relação entre média salarial e qualidade do ensino nas escolas da rede pública federal
Distorção alimenta salário baixo, diz MEC
da Reportagem Local
O Ministério da Educação e a
maioria dos especialistas da área
educacional apontam como principal causa da baixa média salarial
as enormes distorções existentes
na rede de 52 instituições federais
de ensino superior.
Observando-se o quadro acima,
percebe-se, por exemplo, que a
média salarial em cada instituição
não guarda qualquer relação com
indicadores de qualidade -como
o número de alunos que são atendidos por professor ou a titulação
(ter mestrado ou doutorado) do
corpo docente.
A maior média salarial entre as
52 unidades é da Escola Superior
de Agricultura de Mossoró
(Esam), no Rio Grande do Norte.
É uma instituição importante
para o desenvolvimento daquela
região (leia texto ao lado), mas os
seus indicadores de qualidade são
apenas medianos.
A segunda colocada é a Universidade Federal do Ceará, com indicadores de qualidade igualmente medíocres.
Ambas têm salários maiores
porque ganharam na Justiça local
a incorporação de perdas decorrentes de pacotes econômicos.
"Nosso salário está dentro da média mundial", diz, com razão, José
Torres Filho, presidente da Associação dos Docentes de Mossoró.
"Os outros é que deveriam ganhar
mais."
João Batista Oliveira, um dos
principais especialistas brasileiros
nessa área e consultor do MEC,
discorda: "Há uma injustiça na
distribuição do dinheiro. Uns ganham mal porque outros estão ganhando demais."
Para ele, o problema é a prevalência de contratos -caros- de
dedicação exclusiva. "A universidade está cheia de gente que não
faz nada. O salário tinha que ter
relação com a dedicação efetiva à
pesquisa e à aula."
Outra distorção central no sistema são as aposentadorias. Os chamados inativos das universidades
federais ganham, em média, 38% a
mais do que quem trabalha.
"Isso não existe em país nenhum do mundo", afirma Eunice
Durham, coordenadora do Núcleo de Pesquisas sobre o Ensino
Superior da Universidade de São
Paulo.
(FERNANDO ROSSETTI)
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