São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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UNIVERSIDADES 3
Estudo mostra queda de rendimentos da década de 80 para a de 90; número de greves cresce na região
Salários caíram em toda a América Latina

da Reportagem Local

Os salários dos professores universitários caíram em praticamente todos os países latino-americanos da década de 80 para a de 90, mostra um estudo produzido há dois anos pelo conselheiro-chefe de educação do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Claudio de Moura Castro, e pelo professor de economia da educação da Universidade de Stanford, Martin Carnoy.
O reflexo disso é um número crescente de greves em instituições de todo o continente nos últimos anos.
Há também uma discussão acirrada sobre as saídas para sistemas de ensino superior dos países latino-americanos, que tiveram seu apogeu nas décadas de 60 e 70 -quando houve a crise do petróleo e o crescente endividamento desses países- e que, hoje, são considerados muito onerosos.
Moura Castro, por exemplo, propõe uma diversificação do tipo de trabalho desenvolvido em cada instituição -mais ou menos como ocorre nos EUA. Algumas só ensinariam (como os "colleges" norte-americanos ou as faculdades particulares brasileiras). Outras fariam pesquisa, e outras, ainda, fariam os dois.
Mas é exatamente a isso que a Andes (o sindicato que lidera a greve nas federais) se opõe. A entidade defende que "o ensino é indissociável da pesquisa".
Mundo
Embora estejam ocorrendo fenômenos semelhantes em todas as universidades do planeta -como a maior exigência de produtividade, associada a uma escassez de recursos-, as comparações salariais são complicadas.
"Ao contrário do ensino primário e secundário, os professores do ensino superior, além de contratos diferentes, têm múltiplas fontes de renda. Isso dificulta qualquer estudo comparativo", afirma Carnoy, que é especialista em educação comparada.
Por isso, não existe estudo desse tipo em nenhuma das principais instituições que desenvolvem pesquisa na área -como a OCDE e a Unesco, em Paris, o Banco Mundial e o BID, em Washington, a Internacional da Educação, em Bruxelas, e o Escritório Internacional do Trabalho, em Genebra.
"A gente gostaria muito de produzir alguma coisa nessa área, mas é muito complicado", diz Alan Vagner, responsável por estudos estatísticos de educação da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Mesmo dentro de um único país, como o Brasil, esse tipo de comparação é problemática. A média salarial nas federais não leva em conta, por exemplo, o extenso sistema de bolsas existente no país nem os tipos de contrato de trabalho privilegiado em cada instituição. (FERNANDO ROSSETTI)


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