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UNIVERSIDADES 3
Estudo mostra queda de rendimentos da década de 80 para a de 90; número de greves cresce na região
Salários caíram em toda a América Latina
da Reportagem Local
Os salários dos professores universitários caíram em praticamente todos os países latino-americanos da década de 80 para a de 90,
mostra um estudo produzido há
dois anos pelo conselheiro-chefe
de educação do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento),
Claudio de Moura Castro, e pelo
professor de economia da educação da Universidade de Stanford,
Martin Carnoy.
O reflexo disso é um número
crescente de greves em instituições de todo o continente nos últimos anos.
Há também uma discussão acirrada sobre as saídas para sistemas
de ensino superior dos países latino-americanos, que tiveram seu
apogeu nas décadas de 60 e 70
-quando houve a crise do petróleo e o crescente endividamento
desses países- e que, hoje, são
considerados muito onerosos.
Moura Castro, por exemplo,
propõe uma diversificação do tipo
de trabalho desenvolvido em cada
instituição -mais ou menos como ocorre nos EUA. Algumas só
ensinariam (como os "colleges"
norte-americanos ou as faculdades particulares brasileiras). Outras fariam pesquisa, e outras, ainda, fariam os dois.
Mas é exatamente a isso que a
Andes (o sindicato que lidera a
greve nas federais) se opõe. A entidade defende que "o ensino é indissociável da pesquisa".
Mundo
Embora estejam ocorrendo fenômenos semelhantes em todas as
universidades do planeta -como
a maior exigência de produtividade, associada a uma escassez de
recursos-, as comparações salariais são complicadas.
"Ao contrário do ensino primário e secundário, os professores do
ensino superior, além de contratos diferentes, têm múltiplas fontes de renda. Isso dificulta qualquer estudo comparativo", afirma
Carnoy, que é especialista em educação comparada.
Por isso, não existe estudo desse
tipo em nenhuma das principais
instituições que desenvolvem pesquisa na área -como a OCDE e a
Unesco, em Paris, o Banco Mundial e o BID, em Washington, a Internacional da Educação, em Bruxelas, e o Escritório Internacional
do Trabalho, em Genebra.
"A gente gostaria muito de produzir alguma coisa nessa área,
mas é muito complicado", diz
Alan Vagner, responsável por estudos estatísticos de educação da
OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico).
Mesmo dentro de um único
país, como o Brasil, esse tipo de
comparação é problemática. A
média salarial nas federais não leva em conta, por exemplo, o extenso sistema de bolsas existente
no país nem os tipos de contrato
de trabalho privilegiado em cada
instituição.
(FERNANDO ROSSETTI)
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